O Partido da Independência (conservador), que à exceção de 2009 venceu todos os escrutínios desde que o país se separou da Dinamarca, em 1944, surge como o favorito, com cerca de 22%, e com cinco formações com mais de 10% das intenções de voto, e ainda outras três acima da barreira mínima dos 5% que permite representação parlamentar.
Após uma turbulenta década assinalada pela crise financeira e escândalos políticos, que implicaram a demissão de um primeiro-ministro pelo seu envolvimento nos "papéis do Panamá", a última legislatura decorreu de forma tranquila, apesar de a Islândia ter sido dirigida por um Governo inédito e aparentemente contraditório.
Os resultados eleitorais de 2017 implicaram a formação de um executivo de coligação que inclui os conservadores, o Partido Progressista (centrista) e o Movimento de Esquerda Verde, sob a liderança da dirigente deste último partido, Katrín Jakobsdóttir.
Apesar das diferenças ideológicas, conservadores, progressistas e verdes manifestaram a intenção de prolongar a coligação, apesar de as sondagens indicarem que não vão alcançar os 32 deputados necessários para garantir a maioria absoluta no Althingi (parlamento) desta ilha situada no Atlântico Norte e com cerca de 350.000 habitantes.
Uma projeção publicada esta semana pelo Morgunblaðið, o principal diário islandês fornece a vitória ao Partido da Independência com 15 lugares, seguido dos progressistas (nove), sociais-democratas (oito), Verdes e Partido Reformista (sete cada), Partido Pirata (seis), socialistas (cinco) e ainda três deputados para outras formações.
O estudo demonstra que podem governar o país até sete coligações de quatro partidos, oito de cinco formações, incluindo um executivo de centro-esquerda. O Partido Progressista surge como o parceiro mais provável para qualquer pacto pós-eleitoral.
Na previsão de duras negociações, várias forças políticas já começaram a marcar terreno. Assim, a primeira-ministra assegurou que o seu partido não integrará nenhuma coligação que coloque na agenda a reativação do pedido de adesão à União Europeia (UE), retirada em 2015, uma questão que foi marginalizada durante a campanha.
Após o pedido de entrada na UE em 2009, no decurso da maior crise económica da sua história recente, os defensores do "não" dominam as sondagens, e atualmente apenas duas forças (sociais-democratas e reformistas) defendem o ingresso.
Os "piratas", terceira força até há duas legislaturas e com um apoio que não se verifica noutros países, asseguram que apenas negociarão com quem aceitar uma reforma da Constituição, uma exigência dos movimentos populares surgidos durante a crise e que alteraram a paisagem política da ilha nórdica.
No entanto, a adesão à UE e a reforma constitucional não construíram os temas centrais da campanha, que se centrou nas questões da saúde, apesar de a Islândia ter sido um dos países da Europa menos afetados pela pandemia, com 9,13 mortos por cada 100.000 habitantes.
Devido ao seu isolamento geográfico e a uma estratégia baseada em testes massivos e gratuitos, rastreios e acompanhamento dos testes, o país conseguiu manter a pandemia em níveis moderados e com menores restrições.
Apesar de o turismo ter sido afetado, uma das suas maiores fontes de receitas, a ilha nórdica recuperou de forma rápida, com o desemprego a situar-se nos 5,5% em agosto, menos de metade do máximo registado durante a pandemia.
Os temas relacionados com alterações climáticas, e as políticas sociais, também tiveram relevância durante a campanha eleitoral, num escrutínio considerado dos mais incertos realizados no país.
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