Venezuela acusa FMI de negar recursos para combater pandemia

A Venezuela acusou hoje o Fundo Monetário Internacional (FMI) de recusar entregar 5.000 milhões de dólares (4.327 milhões de euros) de assistência financeira, "que lhe corresponde" para poder combater a pandemia de Covid-19 no país.

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Lusa
06/10/2021 20:24 ‧ 06/10/2021 por Lusa

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Covid-19

 

A acusação foi feita pela vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, que intervinha na 15.ª sessão da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD, na sigla em inglês), que se iniciou hoje em Barbados, onde decorre até ao próximo dia 08.

"A razão (da negativa) é o veto expresso dos EUA contra a Venezuela. Temos sido alvo de mais de 430 'medidas coercivas unilaterais' (sanções) que bloqueiam o nosso comércio externo e privado, contra todos os princípios legais de imunidade soberana", disse.

Rodriguez sublinhou que "só no setor petrolífero, a Venezuela sofreu perdas superiores a 63 mil milhões de dólares (54.520 milhões de euros)".

"Estas medidas coercivas unilaterais resultaram numa redução drástica de 99% das receitas da Venezuela, com um impacto inegável em todas as áreas, principalmente na alimentação, saúde, transportes, comunicações e tecnologia. (...) São crimes que lesam a Humanidade e que violam o sistema internacional de garantias dos direitos humanos", acrescentou a governante.

Na sua intervenção, Delcy Rodríguez formalizou um pedido à UNCTAD para que "junte, quantifique e analise os impactos macroeconómicos" das sanções norte-americanas contra a Venezuela.

"Apesar desta agressão, o nosso país, através de uma política económica inovadora, avança na recuperação do seu equilíbrio económico, numa abertura progressiva do comércio externo e no setor do investimento", frisou Delcy Rodríguez.

A vice-Presidente iniciou a sua intervenção pedindo à UNCTAD que desempenhe "um papel concreto para ajudar os países desenvolvidos a abandonar a visão neocolonial, os resquícios do hegemonismo, que truncam o desenvolvimento com equidade, e a avançarem para o multilateralismo e uma verdadeira cooperação internacional".

"A pandemia de covid-19 evidenciou a insustentabilidade económica, ecológica e ética do sistema internacional, a natureza profundamente injusta e desigual da atual ordem mundial", disse, sublinhando que as 26 pessoas mais ricas do mundo têm a mesma riqueza que metade da população mundial e que os 10 mais ricos do mundo viram a sua riqueza aumentar durante a pandemia de covid-19.

Segundo Delcy Rodríguez, "enquanto nos países desenvolvidos se desperdiçam alimentos, a fome afeta 800 milhões de pessoas no mundo" e 2,7 milhões de crianças "morrem todos os anos de causas associadas à má nutrição".

"Os problemas da Humanidade não podem ser ultrapassados sem se combaterem os profundos desequilíbrios da nossa sociedade", disse ainda, sublinhando a importância da UNCTAD "na abordagem dos desafios económicos e sociais do ambiente pós-pandémico", adiantou.

Por outro lado, instou a considerar o peso insustentável da dívida externa para muitos países, a crescente brecha digital, o declínio dos fluxos comerciais, o aumento do fosso entre o Norte e o Sul, e o impacto desumano das sanções internacionais que afetam mais de 30 países.

A vice-Presidente venezuelana referiu-se ainda à desigualdade na vacinação contra a covid-19, precisando que "mais de 73% das vacinas foram administradas em apenas 10 países" e insistiu no apelo para a correção da "injusta distribuição" daqueles fármacos.

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