"Neste momento, somos marcados por dois sentimentos: a alegria e a emergência", disse Christophe Deloire, secretário-geral dos Repórteres Sem Fronteiras (RSF), na sede da organização, em Paris.
"Alegria porque se trata de uma mensagem muito forte a favor do jornalismo. Uma grande homenagem a dois jornalistas (...) que representam o conjunto dos jornalistas que, a nível global, correm riscos na defesa do direito à informação", disse Deloire.
"Ao mesmo tempo há um sentimento de emergência porque o jornalismo está fragilizado, porque o jornalismo está a ser atacado, porque as democracias também estão a ser atacadas, porque a desinformação e os rumores fragilizam o jornalismo e as democracias e porque é tempo de agir", acrescentou.
O Prémio Nobel da Paz foi hoje atribuído aos jornalistas Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitry Muratov, da Rússia, pela defesa da liberdade de imprensa e de expressão, anunciou o Comité Nobel norueguês.
Os dois jornalistas foram distinguidos "pela sua corajosa luta pela liberdade de expressão nas Filipinas e na Rússia. Ao mesmo tempo, são representantes de todos os jornalistas que defendem este ideal num mundo em que a democracia e a liberdade de imprensa enfrentam condições cada vez mais adversas", justificou a presidente Comité Nobel, Berit Reiss-Andersen.
"Sem liberdade de expressão e liberdade de imprensa, será difícil promover com sucesso a fraternidade entre nações, o desarmamento e uma ordem mundial melhor para ter sucesso no nosso tempo", disse.
Reiss-Andersen disse que a atribuição deste ano do Prémio Nobel da Paz aos dois jornalistas "está, por isso, firmemente ancorada nas disposições da vontade de Alfred Nobel.
Maria Ressa, 58 anos, "usa a liberdade de expressão para expor o abuso de poder, o uso da violência e o crescente autoritarismo" nas Filipinas, onde dirige o Rappler, um órgão de comunicação social digital que se dedica ao jornalismo de investigação e que cofundou em 2012.
O Comité Nobel destacou, em particular, o papel de Ressa e do Rappler na denúncia da "controversa e assassina campanha antidroga do regime" do Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte".
Para o Comité, o número de mortes desta campanha é tão elevado que "se assemelha a uma guerra travada contra a própria população do país".
Ressa e o Rappel também "documentaram como os meios de comunicação social estão a ser utilizados para espalhar notícias falsas, assediar adversários e manipular o discurso público".
Dmitry Muratov, 59 anos, é um dos fundadores do jornal independente Novaja Gazeta, criado em 1993, e de que é chefe de redação há 24 anos.
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