O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos admitiu receio pelo envio de contingentes para as regiões do interior de Myanmar (antiga Birmânia) comandados por altas patentes militares.
"Isto representa uma escalada da situação", disse Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, durante uma conferência de imprensa em Genebra.
"Nas últimas semanas" regista-se mobilizações de tropas para as regiões de Kanpetlet e Hakha, o estado de Chin, assim como para Kani e Monywa, Sagaing e para a região administrativa de Gangaw, no estado de Magwe.
"Nós estamos particularmente inquietos com estes desenvolvimentos, sobretudo em relação à intensidade dos ataques militares nestas regiões, tendo-se registado já assassinatos, buscas e destruição de casas através do fogo", disse Shamdasani.
De acordo com a porta-voz da ONU, as ações dos militares que controlam o país desde o golpe de Estado de 01 de fevereiro têm como objetivo os grupos de resistência armada assim como as populações que apoiam a oposição.
De acordo com a ONU verificaram-se bombardeamentos aéreos e disparos de artilharia por parte das forças armadas.
Verificam-se igualmente, de acordo com as informações da ONU, "detenções em massa" sendo que há casos de tortura e execuções sumárias levadas a cabo pelos militares birmaneses.
Os cortes na rede de internet, ordenados pela junta militar, no poder, impedem que "milhões de pessoas possam comunicar" com o exterior ou aceder a "informações vitais".
O país do sudeste asiático está "perto do caos" depois de o exército ter tomado o poder reprimindo manifestações dos movimentos pró-democratas que reclamam a vitória nas legislativas de 2020.
A oposição contra a junta militar formou "forças de defesa popular" em várias regiões do interior para resistir contra os responsáveis no poder.
Nas últimas semanas, grupos armados de resistência destruíram várias antenas e repetidores do sistema de comunicações do exército, montadas pela empresa Mytel, que pertence aos generais, no estado de Chin, zona ocidental de Myanmar.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos apela também à "comunidade internacional" para "falar a uma só voz" no sentido de se impedir mais violações sérias dos direitos fundamentais contra o povo birmanês.
Sem nomear países, a ONU disse que os "países vizinhos devem tentar que os militares baixem as armas e que a vida dos civis seja protegida, e que seja permitido o acesso a ajuda humanitária.