Os manifestantes estão espalhados à volta do palácio presidencial, onde estão reunidas, desde sábado, as autoridades civis e militares que governam aquele país de África desde a "revolução" que tirou do poder Omar al-Bashir, em 2019.
Segundo a AFP, nas ruas de Cartum é exigido um Governo militar, apontado como a única solução capaz de tirar o Sudão, um dos países mais pobres do mundo, da "estagnação política e económica" em que se encontra.
"A concentração continua, não partiremos até que o Governo seja demitido. Pedimos oficialmente ao Conselho Soberano [órgão militar-civil] que deixe de lidar com este Governo", disse um dos organizadores da manifestação, Ali Askouri, citado pela AFP.
Para os manifestantes, a "sagrada união" entre "o bloco civil" e militares que levou à revolução em 2019 chegou ao fim.
O porta-voz do partido histórico do "bloco civil" da revolução, Forças de Liberdade e Mudança (FLC), Jaafar Hassan, citado pela AFP, já criticou as manifestações deste fim de semana, defendendo que são "um episódio de um cenário de um golpe de Estado".
Hassan considerou que o objetivo "é bloquear o caminho para a democracia porque os participantes nesta concentração são apoiantes do antigo regime e de partidos estrangeiros cujos interesses foram afetados pela revolução" de 2019.
A tensão no Sudão pode aumentar com a convocação de uma "contramanifestação" para exigir uma "transferência total do poder para as forças civis", que a FCL acredita poder levar às ruas mais de um milhão de pessoas para "mostrar ao mundo a posição do povo sudanês".
As manifestações deste fim de semana ocorrem depois de uma tentativa de golpe de Estado em setembro e numa altura em que o principal porto do Sudão está bloqueado por manifestantes do leste do país.