Numa declaração conjunta à imprensa, em Conacri, o Presidente de transição da Guiné-Conacri, o coronel Mamadi Doumbouya, disse estarem conscientes dos numerosos e complexos desafios, mas estarem determinados a assegurar a sua missão.
Em 05 de setembro, uma junta militar liderada pelo coronel Mamadi Doumbouya derrubou o Presidente Alpha Condé, de 83 anos, que se mantém detido desde então, dissolveu o parlamento e os poderes civis eleitos, tendo ainda suspendido a Constituição.
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) decidiu, após uma cimeira extraordinária, suspender a Guiné-Conacri de todas as instituições da organização na sequência do golpe que afastou o Presidente Alpha Condé e exigiu a sua libertação.
Na declaração, Mamadi Doumbouya agradeceu a visita de Umaro Sissoco Embaló ao país, num momento em que as novas autoridades precisam de compreensão, apoio e acompanhamento, salientando que é uma oportunidade de reforçar a cooperação entre os dois países, sendo a questão de segurança a mais premente.
O Presidente da Guiné-Bissau manifestou a sua satisfação em visitar a Guiné-Conacri, terra da sua avó, e salientou que o passado não deve ser esquecido, referindo-se ao apoio dado por Conacri à luta pela independência do seu país.
Umaro Sissoco Embaló disse que não existem golpes de Estado necessários e que o povo da Guiné-Conacri deve viver em paz, reforçando que apesar de não ter boas relações no passado com o Presidente deposto, Alpha Condé, sempre disse que as relações entre países ultrapassam as pessoas.
Insistindo que se deve privilegiar as relações entre os povos e os Estados e não entre homens, o Presidente da Guiné-Bissau, dirigindo-se a Mamadi Doumbouya, disse-lhe também que tinha um grande trabalho pela frente, num país divido do ponto de vista étnico, que deve ser de todos.
Umaro Sissoco Embaló já tinha admitido, em setembro, a disponibilidade pessoal para conversar com os autores do golpe em Conacri.
"A Guiné-Bissau tem experiência e sabe qual é consequência de um golpe de Estado. Aconteceu aqui várias vezes, mas hoje em dia esse ciclo fechou o que permitiu que o Presidente José Mário Vaz tenha completado os cinco anos do seu mandato", enfatizou Embaló, na altura.
O Presidente guineense, que condenou o golpe militar na Guiné-Conacri, disse ser contra as alterações à Constituição, mas também afirmou serem "comportamentos anormais" que um dirigente "com 90 ou 100 anos" fique no poder como Presidente da República.
Para Umaro Sissoco Embaló, a idade máxima no cargo de Presidente da República é 65 anos, sair para a reforma, dar oportunidade aos mais novos, sem pensar num terceiro mandato, frisou.
"Eu e o Presidente Alpha não somos amigos, nem quero ser amigo dele e nem ele quer ser meu amigo, mas fomos homólogos. Condeno o golpe de Estado porque não sou subversivo, portanto não pactuo com aqueles que fazem um golpe", referiu Embaló, salientando que é a favor da libertação do Presidente derrubado.
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