Reunidos em Moscovo para conversações com uma delegação dos talibãs, os representantes de dez países da região apelaram aos talibãs para aplicarem "políticas moderadas", em termos de política interna e externa, segundo uma declaração comum divulgada após o encontro.
Uma delegação dos talibãs deslocou-se hoje a Moscovo para as primeiras conversações internacionais em território russo desde a sua chegada ao poder em agosto.
No total, dez países participaram no diálogo com os representantes do novo regime afegão: Rússia, China, Irão, Paquistão, Índia, e as cinco ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central. Os Estados Unidos não estiveram presentes.
Estas dez países também apelaram aos talibãs para aplicarem "políticas moderadas", a nível interno e externo, sublinha a declaração comum.
Os países participantes exortaram os novos líderes de Cabul a adotar "políticas amigáveis face aos vizinhos do Afeganistão, atingir os objetivos comuns de uma paz duradoura, da segurança e prosperidade a longo prazo", lê-se no comunicado.
Numa alusão ao reconhecimento internacional do novo poder em Cabul, o representante especial do Kremlin Zamir Kabulov precisou que o Governo de transição não deverá apenas significar uma equilibrada representação étnica nas estruturas dirigentes, antes "uma representação etno-política de forma que não existam apenas forças [no Governo interino] que partilhem o ponto de vista do movimento talibã, mas também representantes de outras forças políticas" no Afeganistão.
Os dez países também incitaram os talibãs a "respeitar os direitos dos grupos étnicos, das mulheres e das crianças".
Pediram ainda uma "iniciativa coletiva" para organizar com as Nações Unidas uma conferência de doadores para o Afeganistão.
De acordo com a declaração comum, o "fardo" da reconstrução económica e do desenvolvimento do Afeganistão deverá ser assumido "pelos atores [do conflito] que estiveram no país nos últimos 20 anos", numa óbvia alusão às forças norte-americanas e da NATO.
O Afeganistão, esgotado por décadas de guerra, está confrontado com a dupla ameaça de uma grave crise humanitária e securitária devido à atividade de grupos 'jihadistas', em particular os atentados sangrentos que vêm sendo reivindicados pelo grupo extremista de Estado Islâmico da Província de Khorasan (EI-K).
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