"[O plano é] para garantir que continuamos a ter as forças certas no lugar certo, na hora certa. Para proteger os nossos mil milhões de cidadãos contra qualquer ameaça", afirmou o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, numa conferência de imprensa no final do primeiro dia da reunião de ministros, que prosseguirá sexta-feira.
Na reunião na sede da Aliança, em Bruxelas, os Estados-membros também concordaram nos novos objetivos da sua própria capacidade de dissuasão e atuação como parte do processo de planeamento de defesa da NATO.
"Os objetivos para os recursos são muito importantes. Os parceiros sentam-se juntos e avaliam quais os recursos que precisamos para responder às diferentes ameaças que enfrentamos em diferentes ambientes", sublinhou Stoltenberg.
Segundo o secretário-geral da NATO, "todo o espetro de capacidades e sistemas de defesa" é analisado, após o que são decididos os objetivos de capacidade que contribuem para a defesa mútua entre os aliados, "a pedra angular da organização".
"Concordamos em disponibilizar mais forças com maior disponibilidade", afirmou, bem como explorar formas de a organização se manter "atualizada a nível tecnológico", para o que os aliados pretendem assinar, sexta-feira, um documento que prevê a criação de um fundo específico que permita que invistam até 1.000 milhões de euros em projetos inovadores.
Embora a força da China não tenha sido especificamente abordada, Stoltenberg garantiu que as decisões que estão a ser tomadas visam "responder a um mundo mais competitivo, com rivalidade entre Estados", e depois de Pequim ter "modernizado bastante as suas capacidades militares, incluindo as nucleares e mísseis de longo alcance".
As decisões tomadas hoje fazem parte da preparação da Aliança para a próxima cimeira, que será realizada em Madrid a 29 e 30 de junho de 2022.
TENSÃO COM A RÚSSIA
Os ministros da Defesa da NATO também fizeram o balanço da resposta que está a preparar à crescente ameaça dos sistemas de mísseis da Rússia, num novo momento de tensão com Moscovo na sequência da decisão de Moscovo encerrar a missão na Aliança, após vários dos seus diplomatas terem sido expulsos, acusados de espionagem.
"Não vamos refletir sobre o comportamento desestabilizador da Rússia. E não temos a intenção de lançar novos mísseis nucleares terrestres na Europa", disse Stoltenberg, que assegurou que a Aliança optou por "um pacote equilibrado de medidas políticas e militares para responder a esta ameaça".
Isso inclui a atualização das defesas aéreas e de mísseis, o fortalecimento das capacidades convencionais com aeronaves de quinta geração, a adaptação de exercícios e inteligência e o aprimoramento da prontidão e eficácia da dissuasão nuclear dos Aliados.
LIÇÕES DO AFEGANISTÃO
Os ministros da Defesa da NATO também começaram a abordar hoje as "lições" que esperam aprender com a fracassada missão no Afeganistão, onde, depois de lá estarem presentes durante 20 anos, não conseguiram evitar que o país caísse novamente nas mãos de um regime talibã.
"Trocamos opiniões sobre como preservar os ganhos e como garantir que o Afeganistão nunca mais se torne um refúgio seguro para terroristas. Concordamos que devemos permanecer vigilantes. Monitoraremos quaisquer tentativas de grupos terroristas internacionais de se reorganizarem no Afeganistão", indicou Stoltenberg.
O secretário-geral da NATO, de nacionalidade norueguesa, sublinhou ainda que os países aliados têm a capacidade de combater "ameaças terroristas" sem a necessidade de destacar militares para o terreno.
De qualquer maneira, garantiu, a NATO irá exigir uma prestação de contas aos talibãs tendo como pano de fundo os compromissos do novo regime de Cabul em relação ao terrorismo, à segurança e aos direitos humanos.
"Conseguimos tirar as pessoas de lá e os aliados continuam a tirar pessoas do Afeganistão. Os aliados continuarão concentrados nisso. Quando se trata de direitos humanos e direitos das mulheres, é claro, estamos profundamente dececionados com o que vimos até agora do regime talibã", comentou.
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