"Apelo às forças armadas para que libertem imediatamente os detidos", afirmou o representante especial para o Sudão e Chefe da Missão Integrada de Assistência à Transição das Nações Unidas no Sudão (UNITAMS), acrescentando que, segundo o Ministério da Informação sudanês, quase todos os civis membros das autoridades de transição no país estão detidos pelos "militares".
Também a Liga Árabe manifestou a preocupação com os acontecimentos no Sudão, onde um grupo de soldados prendeu nas últimas horas o primeiro-ministro, Abdullah Hamdok, e outros representantes políticos civis, na sequência de tensões entre os órgãos de transição.
O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Abulgueit, expressou através de uma declaração a "profunda preocupação" da organização sediada no Cairo, e exortou as partes a respeitarem o documento constitucional assinado em agosto de 2019 pelos militares e civis, em que se comprometem a partilhar o poder durante o período de transição, iniciado com a queda do ditador Omar al-Bashir, em abril do mesmo ano.
Abulgueit recordou que "não há problemas que possam ser resolvidos sem diálogo", após semanas de tensões e acusações cruzadas entre as componentes civil e militar dos órgãos dirigentes do Sudão, na sequência de uma tentativa de golpe de Estado em setembro, abortada pelo exército.
O secretário-geral da Liga Árabe, de que o Sudão é membro, observou que "é importante respeitar todas as decisões e acordos acordados relativamente ao período de transição" e que as partes se abstenham "de quaisquer medidas que possam perturbar o período de transição ou abalar a estabilidade no Sudão".
O Ministério da Informação sudanês referiu hoje que o chefe do Governo foi preso. Abdullah Hamdok encontra-se em local desconhecido, juntamente com outros ministros e membros civis do Conselho Soberano, o mais alto órgão de poder no processo de transição, presidido pelos militares.
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