Inquirido numa conferência do 'think tank' Aspen Security Forum sobre o risco a curto-prazo de um ataque da China a Taiwan, o oficial norte-americano mais graduado considerou que "não é provável" que tal aconteça nos próximos 24 meses.
"Dito isso, os chineses estão clara e inequivocamente em vias de obter capacidades necessárias para dar opções à liderança do país, se ela o desejar, no futuro", acrescentou.
Quando o questionaram sobre se os Estados Unidos seriam capazes de defender a ilha situada a menos de 200 quilómetros da costa chinesa, Milley garantiu: "Temos absolutamente a capacidade, não há qualquer dúvida".
Mas acrescentou que os Estados Unidos desejam, acima de tudo, "uma solução pacífica" para o diferendo entre Taiwan e China.
O chefe do Estado-Maior norte-americano teve o cuidado de não se pronunciar sobre a utilidade ou inutilidade de os Estados Unidos recuarem na sua política de longa data conhecida como "ambiguidade estratégica", segundo a qual Washington ajuda Taiwan a construir e fortalecer a sua defesa, mas sem prometer explicitamente que irá em seu auxílio em caso de ataque.
"Neste momento, é essa a nossa política e vai continuar a ser, por enquanto", declarou.
Nas últimas semanas, multiplicou-se o "fogo cruzado" entre os Estados Unidos e a China sobre o destino daquela ilha de 23 milhões de habitantes que dispõe do seu próprio Governo, da sua moeda e do seu exército, mas que Pequim considera uma das suas províncias à espera de reunificação com o resto do país, pela força, se necessário.
Inquirido no mês passado sobre a possibilidade de uma intervenção militar norte-americana para defender Taiwan em caso de ataque da China, o Presidente norte-americano, Joe Biden, respondeu de forma afirmativa: "Sim, temos um compromisso nesse sentido", declarou.
Tais palavras parecem contradizer a "ambiguidade estratégica" dos Estados Unidos e a Casa Branca assegurou, em seguida, que a sua política em relação a Taiwan não mudou: os Estados Unidos reconhecem desde 1979 a China comunista, em detrimento de Taiwan, mas o Congresso norte-americano impôs paralelamente o fornecimento de armas à ilha para sua defesa.
O general Milley considerou igualmente que a ascensão do poder da China representa um fator desestabilizador para o planeta.
"Estamos a entrar num mundo tripolar, com os Estados Unidos, a Rússia e a China como grandes potências", afirmou.
Com três atores em vez de dois, "temos mais complexidade", acrescentou. E com a chegada de tecnologias como a inteligência artificial, os mísseis hipersónicos e a militarização do espaço, "estamos a entrar num mundo que, na minha opinião, é potencialmente muito mais instável do ponto de vista estratégico" do que foi nos últimos 60 anos.
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