Faki Mahamat apelou a todas as partes envolvidas na guerra na Etiópia para que "dialoguem para procurar uma solução pacífica no interesse do país", de acordo com um comunicado da UA citado pela agência de notícias espanhola, Efe.
O presidente da Comissão da União Africana também apelou aos partidos e seus líderes "a não retaliarem contra a população e a absterem-se de incitar ao ódio, à violência e à divisão".
O Presidente do Quénia, por seu lado, juntou-se ao apelo da organização africana e sublinhou que "as origens desta crise, por mais amargas e inaceitáveis que pareçam, já não podem ser usadas como justificação para o sofrimento, as mortes e a guerra que estão agora a engolir a Etiópia".
"Os combates continuam, o número de mortos continua a aumentar, o deslocamento forçado persiste, e o sofrimento e a emergência humanitária criaram raízes no país", afirmou o líder queniano num comunicado emitido na quarta-feira.
Os apelos surgem num momento em que a Etiópia vive uma situação difícil, com os membros da Frente de Libertação do Povo Tigray (FLPT), em guerra com o governo central desde o ano passado, cada vez mais perto da capital do país, Adis Abeba.
A embaixada dos EUA em Adis Abeba disse na terça-feira que há uma "deterioração significativa da segurança nos últimos dias e uma contínua escalada do conflito armado", e sugeriu que os cidadãos dos EUA na Etiópia "se preparem para deixar o país".
As forças de segurança do Quénia intensificaram a vigilância ao longo da sua fronteira comum com a Etiópia desde quarta-feira, disse o porta-voz da polícia, Bruno Shioso, aos meios de comunicação locais.
Tanto o Quénia como a Etiópia são frequentemente identificados pela comunidade internacional como duas potências estabilizadoras na problemática região do Corno de África e da África Oriental.
A guerra entre os rebeldes na região etíope do Tigray (norte) e o executivo central da Etiópia eclodiu a 4 de novembro de 2020, quando o primeiro-ministro, Abiy Ahmed, ordenou uma ofensiva contra a então governante FLTP, como retaliação por um ataque a uma base militar federal e na sequência de uma escalada de tensões políticas.
Até à data, dois milhões de pessoas foram deslocadas internamente em Tigray e pelo menos 75.000 etíopes fugiram para o vizinho Sudão, de acordo com números oficiais.
Além disso, quase sete milhões de pessoas enfrentam uma "crise de fome" devido à guerra, alertou o Programa Alimentar Mundial (PAM) da ONU em setembro.
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