Etiópia: País deve estar preparado para "fazer sacrifícios"

O primeiro-ministro etíope disse hoje que a Etiópia deve estar preparada para "fazer sacrifícios" para "salvar" o país, quando se intensifica o conflito entre as forças federais e os rebeldes Tigray, que ameaçam marchar sobre a capital.

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Lusa
06/11/2021 12:27 ‧ 06/11/2021 por Lusa

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Abiy Ahmed

 

"Há sacrifícios a serem feitos, mas esses sacrifícios vão salvar a Etiópia. Conhecemos as provas e os obstáculos e isso fortaleceu-nos", escreveu Abiy Ahmed, numa breve mensagem na sua conta na rede social Twitter.

O primeiro-ministro garantiu ainda "ter mais aliados do que aqueles que se voltaram contra si", lembrando que "morrer pela soberania, pela unidade e identidade é uma honra".

"Não há Etiópia sem sacrifício", disse.

As declarações surgem um dia depois da criação de uma aliança entre nove organizações rebeldes de várias regiões e etnias na Etiópia, construída em torno da Frente da Libertação do Povo Tigray (TPLF, na sigla em inglês), em guerra com as forças do Governo há mais de um ano no norte do país.

Esta "frente única" visa "derrubar o regime" de Abiy Ahmed, declarou Berhane Gebre-Christos, representante da TPLF na assinatura desta aliança, em Washington.

No último fim de semana, a TPLF reclamou a captura de duas cidades estratégicas na região de Amhara, sobre as quais os seus combatentes avançaram após terem retomado o controlo da região do Tigray em junho.

A TPLF disse, na quarta-feira, que alcançou a localidade de Kemissie, a 325 quilómetros a norte da capital Adis Abeba, onde se juntou ao Exército de Libertação Oromo (OLA) um grupo armado da etnia Oromo, a mesma do primeiro-ministro.

As duas organizações não excluíram marchar sobre a capital Adis Abeba.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas apelou na sexta-feira a um cessar-fogo na Etiópia e manifestou "profunda preocupação" com a escalada do conflito neste país africano.

Num comunicado lido aos jornalistas pelo embaixador do México nas Nações Unidas, Juan Ramón, os membros do Conselho de Segurança da ONU "pedem o fim das hostilidades e a negociação de um cessar-fogo duradouro", exigindo também "a criação e condições que permitam lançar um diálogo nacional inclusivo" que possa levar à resolução da crise.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas reúne-se na próxima segunda-feira, na sequência do adiamento da reunião que estava marcada para sexta-feira.

Também a organização Amnistia Internacional (AI) alertou que a Etiópia enfrenta uma crise humanitária e de direitos humanos devido à guerra civil, marcada pela ameaça da entrada dos rebeldes na capital.

"A terrível crise humanitária e de direitos humanos que começou há um ano em Tigray alargou-se a outras zonas do país", advertiu num comunicado Deprose Muchena, diretor regional da AI para África Oriental e Austral.

Segundo a organização não-governamental (ONG), o estado de emergência, declarado pelo parlamento federal da Etiópia em 04 de novembro (quando se completou um ano desde o início do conflito), "é excessivamente genérico porque se estende a todo o país e restringe direitos humanos que, segundo o Direito Internacional, não podem ser limitados em nenhuma circunstância".

O conflito em Tigray começou em 04 novembro de 2020 e registou uma escalada nos últimos meses.

Abiy Ahmed, vencedor do Prémio Nobel da Paz de 2019, declarou a vitória sobre os rebeldes em 28 de novembro após enviar o exército para a região, mas em junho, os combatentes da TPLF reassumiram o controlo da maior parte da região.

O Governo retirou as suas tropas e declarou um cessar-fogo unilateral em 28 de junho, mas os rebeldes alargaram a sua ofensiva às regiões de Afar e Amhara e prosseguem agora em direção à capital etíope.

As forças federais etíopes têm contrariado as ofensivas rebeldes sobretudo através do recurso à força aérea.

Leia Também: Conselho de Segurança da ONU apela a um cessar-fogo na Etiópia

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