Etiópia: Estados Unidos retiram diplomatas não essenciais

Os Estados Unidos ordenaram hoje a retirada da equipa não essencial da sua embaixada na Etiópia, após a intensificação dos combates, no norte do país, entre as forças do Governo e os rebeldes Tigray que ameaçam marchar sobre a capital.

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Lusa
06/11/2021 16:21 ‧ 06/11/2021 por Lusa

Mundo

Tigray

Esta decisão foi tomada "por causa do conflito armado, agitação civil e possível escassez", disse o Departamento de Estado dos EUA em comunicado.

Nos últimos dias, vários países (Arábia Saudita, Noruega, Suécia, Dinamarca ...) pediram aos seus nacionais que deixassem o país, face à escalada da guerra.

O governo federal da Etiópia, liderado pelo vencedor do Prémio Nobel da Paz de 2019, Abiy Ahmed, está em guerra há um ano contra a Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF), no norte do país.

Depois de assumir a região do Tigray em junho, a TPLF avançou nos últimos meses, principalmente na região vizinha de Amhara, onde reivindicou no último fim de semana a captura de duas cidades estratégicas.

Os rebeldes de Tigray anunciaram, no início desta semana, que tinham tomado o controlo das cidades de Dessie e Kombolcha na região de Amhara, a apenas 400 quilómetros da capital da Etiópia, Adis Abeba, ao que Governo etíope respondeu com a declaração de estado de emergência em todo o país, numa fase inicial por seis meses.

Este último avanço da TPLF coloca-a no mesmo território onde operam os rebeldes do Exército de Libertação Oromo (OLA), com os quais anunciaram uma aliança no final de agosto.

As duas organizações não descartaram a marcha sobre a capital. O governo nega qualquer avanço ou ameaça rebelde em Addis Abeba.

O primeiro-ministro Abidy Ahmed disse hoje que os etíopes devem estar preparados para "fazer sacrifícios" para "salvar" o país.

"Há sacrifícios a serem feitos, mas esses sacrifícios salvarão a Etiópia", escreveu no Twitter, garantindo: "Temos mais aliados do que aqueles que se voltaram contra nós".

Essas declarações vêm no dia seguinte à criação de uma aliança, construída em torno da TPLF, entre nove organizações rebeldes de várias regiões e grupos étnicos na Etiópia.

Esta "frente única" visa "derrubar o regime" de Abiy Ahmed, disse Berhane Gebre-Christos, representante da TPLF, na assinatura desta aliança em Washington.

Após um ano de conflito, milhares de pessoas foram mortas, cerca de dois milhões estão deslocadas internamente em Tigray e pelo menos 75.000 etíopes fugiram para o vizinho Sudão, de acordo com números oficiais.

Além disso, quase sete milhões de pessoas enfrentam uma "crise de fome" no norte da Etiópia devido à guerra, de acordo com o Programa Mundial Alimentar das Nações Unidas.

A guerra entre os rebeldes da região etíope do Tigray e o executivo central da Etiópia começou há precisamente um ano, a 04 de novembro de 2020, quando o primeiro-ministro etíope ordenou uma ofensiva contra a TPLF como retaliação por um ataque a uma base militar federal e na sequência de uma escalada de tensões políticas.

Leia Também: Etiópia: Estados Unidos apelam aos seus cidadãos para saírem do país

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