Agostinho Borges, que dirige há 29 anos a igreja portuguesa de Roma, destino de peregrinos nacionais e espaço de representação do Estado português na Santa Sé, compara Francisco com os seus antecessores e reconhece diferenças.
"Todos nós somos diferentes e os papas também são diferentes", disse, dando o exemplo de Bento XVI, um homem que "talvez tenha sido incompreendido" e que tinha "mais um acento intelectual", procurando "dialogar mesmo com os não crentes e com aqueles que eram de intenção reta".
Já Francisco "fala de uma maneira mais prática" e é "na ação destes gestos que surpreendem" que se se torna "testemunha de uma maneira muito contundente da misericórdia de Deus", considerou o sacerdote, evocando a liderança pelo exemplo e a abertura da Igreja, que evoca o concílio ecuménico do século XX que previa uma nova relação com o mundo.
"O Concílio Vaticano II foi um grande momento na história da vida da Igreja", mas ficou por se cumprir, admite Agostinho Borges.
"Isto às vezes funciona por ondas: Depois a onda forma-se até bater na praia, depois tende a voltar atrás e tende voltar a ganhar novo balanço", algo que parece suceder agora, admite.
"Se calhar vivemos algum tempo em que a onda tinha batido na praia, depois teve de ganhar forças para subir de novo e mostrar a sua graça", explicou, considerando que o "Papa Francisco veio mostrar que o Espírito Santo continua a assistir a sua Igreja e a e a querê-la nova, fresca, renovada, convertida, humilde e servidora".
As condições clínicas do Papa Francisco registaram na segunda-feira uma leve melhoria, com os médicos a lembrarem ser necessária prudência e a manterem um prognóstico reservado, tendo em conta a complexidade do quadro clínico.
No mais recente boletim clínico divulgado pelos médicos que seguem o Papa no Hospital Gemelli, em Roma, é indicado que Francisco mostrou hoje uma leve melhoria nos exames laboratoriais, que lhe permitiram retomar o trabalho, tendo mesmo feito uma chamada para a paróquia de Gaza, Palestina.
Por estes dias, a situação clínica de Francisco é o tema principal das conversas dos peregrinos, reconhece Agostinho Borges.
Os peregrinos que chegam à Igreja de Santo António dos Portugueses "estão todos preocupados: a primeira coisa que me perguntam é se eu tenho notícias do Papa. Ora, as notícias que eu tenho são notícias que temos todos", admite o reitor.
A eucaristia dominical da Igreja, construída no século XVIII, teve como principal intenção a saúde do Papa.
"Inclusive nos nossos concertos de órgão, na introdução, digo sempre para ninguém se esqueça de, durante a escuta do concerto, o nosso pensamento voar também até Deus, levando as intenções do Santo Padre, para que Deus o assista no sofrimento e também na saúde", acrescentou Agostinho Borges.
O Papa, de 88 anos, foi hospitalizado em 14 de fevereiro, na sequência de uma pneumonia nos dois pulmões e teve uma crise respiratória na sexta-feira, que agravou o seu estado de saúde.
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