Myanmar. ONU diz que mais de três milhões precisam de ajuda humanitária
O Subsecretário-Geral para Assuntos Humanitários da ONU apelou na segunda-feira aos líderes militares do Myanmar para que permitam o acesso a mais de três milhões de pessoas que precisam de assistência humanitária que "salva vidas".
© Getty
Mundo Myanmar
Martin Griffiths alertou que, sem um fim à vista para a violência e para uma resolução pacífica para a crise no Myanmar (antiga Birmânia), este número "só irá aumentar".
Mais de três milhões de pessoas necessitam de ajuda humanitária desde que as forças militares assumiram o poder em 01 de fevereiro "devido ao crescente conflito e insegurança, à pandemia de covid-19 e a uma economia decadente", noticia a agência AP.
O Subsecretário-Geral para Assuntos Humanitários e Coordenador de Assistência de Emergência pediu ainda aos doadores que respondam ao apelo da ONU, realçando que metade dos 385 milhões de dólares (cerca de 315 milhões de euros) necessários já foram angariados desde que os militares depuseram o governo de Aung San Suu Kyi.
Na segunda-feira assinalou-se o primeiro aniversário das eleições no Myanmar que "foram consideradas livres e justas por observadores nacionais e internacionais", salientou o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric.
O ato eleitoral foi conquistado pelo partido Liga Nacional para a Democracia, de Aung San Suu Kyi, mas os militares rejeitaram os resultados, alegando que a votação foi fraudulenta.
"A ONU reitera o seu apelo aos militares para que respeitem a vontade do povo e coloquem o país de volta no caminho da transição democrática", destacou Stephane Dujarric.
O porta-voz manifestou que a ONU continua "gravemente preocupada com a intensificação da violência em Mianmar" e apela novamente a um acesso humanitário desimpedido.
As declarações de Martin Griffiths foram divulgadas durante uma reunião à porta fechada dos membros do Conselho de Segurança da ONU sobre Myanmar, solicitada pelo Reino Unido.
O vice-embaixador do Reino Unido, James Kariuki, assinalou, em declarações aos jornalistas antes da reunião, a preocupação dos britânicos com a intensificação da ação militar no noroeste daquele país que possa "espelhar a atividade registada há quatro anos antes das atrocidades cometidas em Rakhine contra a minoria muçulmana Rohingya".
Desde a queda de Suu Kyi, Myanmar tem sido afetado por distúrbios, primeiro com manifestações pacíficas contra os generais no governo que, após o uso da força pelas forças de segurança nas áreas urbanas, se transformaram em combates mais sérios nas áreas rurais, principalmente na fronteira entre regiões onde milícias de minorias étnicas se têm envolvido em fortes confrontos com as tropas do governo.
Martin Griffiths referiu que desde 01 de fevereiro centenas de milhares de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas devido à violência em todo o país e 223 mil pessoas continuam deslocadas.
E apontou também que está "cada vez mais preocupado com os relatórios de níveis crescentes de insegurança alimentar em redor das áreas urbanas, incluindo Yangon e Mandalay".
Este ano os trabalhadores humanitários já forneceram alimentos, dinheiro e outro tipo de assistência a mais de 1,67 milhões de pessoas mas "continuam limitados pela falta de acesso a fundos humanitários", acrescentou, referindo ainda "impedimentos burocráticos colocados pelas forças armadas".
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