Pelo menos 16 etíopes contratados pela ONU detidos em Adis Abeba
Dezasseis trabalhadores etíopes, contratados localmente pelas Nações Unidas, foram detidos em Adis Abeba numa operação contra naturais da província de Tigray, no quadro do estado de emergência em vigor no país, anunciou o porta-voz da ONU.
© Reuters
Mundo Adis Abeba
"Estamos a trabalhar ativamente com o Governo etíope para a libertação imediata dos que ainda se encontram detidos", acrescentou Stéphane Dujarric.
O porta-voz da ONU disse que não foi dada nenhuma explicação oficial para a detenção dos trabalhadores.
Em Genebra, outro porta-voz da ONU, Rheal Le Blanc, disse ter sido apresentado um protesto pelo sucedido ao Ministério dos Negócios Estrangeiros da Etiópia.
Na semana passada, o governo do primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, decretou o estado de emergência por seis meses face ao risco crescente dos rebeldes da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF, na sigla em inglês) e do Exército de Libertação de Oromo (OLA) conquistarem a capital, Adis Abeba.
Grupos de defesa dos Direitos Humanos, designadamente a Amnistia Internacional, denunciaram as medidas de exceção previstas no estado de emergência e acusaram o Governo de Abiy Ahmed de multiplicar as detenções arbitrárias sob pretexto de pertença à etnia Tigray.
Milhares de pessoas foram detidas desde a semana passada.
O atual conflito na Etiópia tem o foco em Tigray, onde há um ano, em 04 de novembro de 2020, eclodiram as confrontações entre as forças governamentais e o TPLF.
O primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed Ali ordenou uma ofensiva contra a TPLF em retaliação a um ataque a uma base militar federal e na sequência de uma escalada de tensões políticas.
Após um ano de conflito, milhares de pessoas foram mortas, cerca de dois milhões estão deslocadas internamente em Tigray e pelo menos 75.000 etíopes fugiram para o vizinho Sudão, de acordo com números oficiais.
Além disso, quase sete milhões de pessoas enfrentam uma "crise de fome" no norte da Etiópia devido à guerra, de acordo com o Programa Alimentar Mundial.
No domingo passado, o Papa Francisco manifestou a sua preocupação com este conflito e apelou à "harmonia fraterna e ao caminho pacífico do diálogo" numa mensagem ao mundo após a oração do 'Angelus' dominical do Palácio Apostólico.
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