Num breve comunicado, o Departamento de Estado norte-americano anunciou hoje a digressão de Malley, que vai até 20 de novembro e inclui passagens pelos Emirados Árabes Unidos, Israel, Arábia Saudita e Bahrein.
"Ele coordenará as nossas abordagens (junto dos aliados) numa ampla gama de preocupações em relação ao Irão, incluindo as suas atividades desestabilizadoras na região", explicou a nota oficial.
Durante as reuniões nos diferentes países, Malley abordará a sétima ronda de negociações que começará em 29 de novembro em Viena "sobre o regresso mútuo ao cumprimento do acordo nuclear", acrescentou o comunicado.
Entre os países que Malley vai visitar estão os dois que o Irão considera os seus maiores inimigos na região, Israel e Arábia Saudita, que nos últimos anos se opuseram à diplomacia nuclear com Teerão, mas que são aliados importantes dos Estados Unidos.
A digressão do enviado norte-americano será paralela à do principal negociador nuclear iraniano, Ali Bagheri Kani, que na próxima semana viaja por diversos países europeus que estão associados ao pacto: França, Alemanha e Reino Unido.
O acordo nuclear assinado em 2015 entre o Irão e seis potências (EUA, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha) teve por objetivo travar o programa atómico iraniano em troca do levantamento das sanções internacionais.
Os Estados Unidos retiraram-se do pacto em 2018, durante o mandato do ex-Presidente Donald Trump (2017-2021), e voltaram a impor sanções ao Irão, que, em retaliação, começou em 2019 a produzir mais urânio e com mais pureza do que o permitido no tratado.
Já este ano, o Irão atingiu um patamar de 20% de pureza no enriquecimento do urânio, ainda longe, porém, dos 90% necessários para desenvolver uma bomba atómica.
Após a chegada à Casa Branca do atual Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, iniciaram-se negociações entre o Irão e as seis grandes potências signatárias, incluindo os Estados Unidos, para tentar o regresso de Washington ao pacto e o cumprimento por Teerão de todas as suas obrigações.
Contudo, as negociações foram interrompidos em junho, antes das eleições gerais iranianas, e o novo Governo do Presidente ultraconservador Ebrahim Raisí só concordou em retomá-las no início deste mês.
Teerão impôs condições para salvar o acordo nuclear, nomeadamente que os Estados Unidos retirem as sanções económicas e que ofereçam garantias de que não abandonarão um novo pacto sobre o seu programa atómico.
Por seu lado, os Estados Unidos insistem na necessidade de o Irão cumprir integralmente as condições estabelecidas no acordo de 2015 e o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, disse na semana passada que Washington tem "vastas" opções para produzir pressão sobre Teerão, com a colaboração dos seus aliados.
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