"As pessoas estão a morrer devido à falta de provisões. Não podemos enviar alimentos e medicamentos para a Tigray porque há um bloqueio e é sistemático", declarou o diretor-geral da OMS numa conferência de imprensa em Genebra.
Tedros Adhanom raramente comenta tão diretamente o conflito, que o afeta pessoalmente, e que começou há pouco mais de um ano quando o primeiro-ministro, Abiy Ahmed, lançou uma ofensiva contra o poder regional da Frente de Libertação do Povo de Tigray (TPLF).
"Não há medicamentos, as pessoas estão a morrer, não há alimentos, as pessoas estão a passar fome, não há telecomunicações, as pessoas estão isoladas do resto do mundo, não há gasolina, não há dinheiro e por isso é efetivamente um bloqueio", declarou o diretor-geral.
Não se focando apenas nos temas de saúde, Tedros Adhanom, denunciou também o "perfil racial e as detenções aos milhares" de pessoas da região de Tigray.
"É flagrante e feito em plena luz do dia", acrescentou.
O Governo etíope argumenta que "as detenções são legítimas" para acabar com a revolução.
Nenhuma ajuda humanitária chegou a Tigray por estrada desde 18 de outubro e 364 camiões estão retidos na região de Afar (a leste) "à espera de autorização das autoridades para prosseguir", declararam as Nações Unidas (ONU) na quinta-feira, no seu relatório semanal sobre a situação humanitária.
A TPLF apela ao fim do que a ONU chama um bloqueio efetivo a Tigray, onde centenas de milhares de pessoas vivem em condições de quase fome.
Os combatentes da TPLF têm avançado para além das fronteiras de Tigray para as regiões vizinhas de Afar e Amhara nos últimos meses, e não excluíram marchar para a capital, Adis Abeba.?????
O Governo da Etiópia, liderado pelo vencedor do Prémio Nobel da Paz de 2019, Abiy Ahmed, está em guerra há um ano contra a TPLF no norte do país.
A guerra entre os rebeldes da região etíope de Tigray e o executivo central da Etiópia começou em 04 de novembro de 2020, quando o primeiro-ministro etíope ordenou uma ofensiva contra a TPLF como retaliação por um ataque a uma base militar federal e na sequência de uma escalada de tensões políticas.
O balanço do conflito ascende a milhares de mortos, a dois milhões de pessoas deslocadas internamente e a, pelo menos, 75.000 refugiados no vizinho Sudão, de acordo com números oficiais.
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