A gestão da pandemia foi um processo "coberto de erros e de acertos", com a "postura do Presidente da República ao rejeitar o uso da máscara ou não acreditar tanto na doença e ao não defender o isolamento social naquele momento crítico", que corresponderam a posições "inadequadas", considerou, em entrevista à Lusa em Lisboa.
"Sempre me manifestei muito contrário" às declarações públicas de Bolsonaro, mas existiu sempre uma "distância entre a postura do Presidente, o pensamento dele em relação à doença, e a política do Ministério da Saúde, sobretudo neste ano de 2021".
Depois de várias escolhas de ministros da tutela que minimizaram a doença ou defenderam soluções terapêuticas não consensuais, Marcelo Queiroga tomou posse em março e colocou como prioridade o processo de vacinação.
Com mais de 600 mil mortos, o Brasil é um dos países com maiores óbitos per capita do mundo, um processo que levou um grupo de parlamentares a apresentar uma denúncia contra Bolsonaro. Em paralelo, quase 60 por cento da população está já completamente vacinada e 75 por cento já recebeu pelo menos uma dose.
Queiroga "procurou respeitar a ciência, respeitar a medicina e houve um grande avanço no processo de imunização", explicou o líder do Senado, filiado do Partido Social Democrata (PSD) brasileiro, que integra a coligação parlamentar de suporte de Bolsonaro.
Rodrigo Pacheco explica o negacionismo com o impacto da pandemia: "as pessoas reagiram de vários modos. Uns negaram a doença, outros aceitaram".
Presente em Lisboa para várias cerimónias, tal como outros dirigentes políticos brasileiros, o líder do Senado minimizou as críticas à ausência de Bolsonaro da cimeira do clima, em Glasgow, e afirmou que o Brasil tem de ser um parceiro na luta contra as alterações climáticas, até por razões económicas.
"Nós sabemos que se o Brasil não estiver aderente a essa pauta [agenda] ambiental terá dificuldades em ratificar o acordo Mercosul/União Europeia", ficando impedido de "receber os investimentos estrangeiros para preservação de suas florestas", comentou.
"As coisas relacionam-se dentro de uma engrenagem absolutamente natural num interesse comum de todos para um desenvolvimento sustentável", considerou Rodrigo Pacheco, que estabeleceu como prioridade nacional a regulação do mercado de crédito de carbono.
O objetivo é que, "a partir do ano que vem, tenhamos um mercado de crédito de carbono que vai estimular muito essa contenção de emissão de poluentes", uma estratégia que inclui "políticas de estímulo a combustíveis que não sejam fósseis e investimentos em matriz energética limpa como energia eólica e a energia solar".
Para o líder do Senado, "há uma mudança nítida de mentalidade da sociedade brasileira em torno do tema ambiental", mas também é necessário que o resto do mundo compense o Brasil deste esforço de preservação do seu ecossistema, quando outros países mais desenvolvidos já destruíram o seu próprio habitat original.
"Precisamos do cumprimento dos acordos relativos a essa compensação mundial histórica", porque o "aquecimento do planeta não é responsabilidade só do Brasil, é responsabilidade de todos os países em especial os países mais industrializados"
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