Dois homens condenados em 1966 pelo homicídio de Malcolm X, um dos líderes dos direitos civis nos Estados Unidos, devem ser exonerados das suas sentenças esta quinta-feira, referiram hoje o procurador de Manhattan e os advogados de Muhammad Aziz e Khalil Islam.
A sua exoneração é o reconhecimento de erros graves no processo que levaram à condenação de Aziz e Islam.
O The New York Times informa que a exoneração é o resultado de uma longa investigação – de 22 meses – conduzida em conjunto pela procuradoria de Manhattan e pelos advogados de defesa.
Esta investigação apurou que o FBI e a polícia de Nova Iorque sonegaram provas importantes que, se tivessem sido apresentadas, provavelmente teriam resultado na absolvição de Muhammad Aziz e Khalil Islam.
Documentos do FBI continham informação de que apontava na direção de outros suspeitos e não na de Aziz e Islam. Também não foi revelada a presença de agentes à paisana no Audubon Ballroom, em Manhattan, onde no dia 21 de fevereiro de 1965 três homens mataram a tiro Malcolm X, quando este começava a discursar.
Os arquivos da polícia de Nova Iorque tinham ainda um documento que indicava que um jornalista do The New York Daily News recebeu um telefonema na manhã do homicídio no qual foi avisado que Malcolm X seria assassinado.
Cyrus R. Vance Jr., o procurador de Manhattan, pediu desculpa em nome das forças de autoridade aos dois homens e às suas famílias. Frisou que os falhanços cometidos não podem ser apagados mas que pode ser “reconhecida a gravidade do erro”.
“Isto aponta para a verdade de que as forças da autoridade ao longa da história têm falhado frequentemente em estar à altura das suas responsabilidades. Estes homens não tiveram a justiça que mereciam”, sublinhou o procurador de Manhattan.
Tanto Muhammad Aziz como Khalil Islam clamaram sempre inocência. Aziz tem atualmente 83 anos e foi libertado da prisão em 1985. Islam foi libertado em 1987 e morreu em 2009. Depois de serem libertados, os dois passaram as décadas seguintes a lutar para limparem os seus nomes.
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