Os números divulgados indicam que os registos de óbitos em 2020 totalizaram 1.513.575, mais 195.965 do que em 2019, o que se traduz num aumento de 14,9% e no maior nível em termos absolutos e percentuais desde o início da série histórica o IBGE, há 37 anos.
"A alta no número de óbitos observada entre 2019 e 2020 foi muito fora do comum quando vemos como foi esse movimento nos anos anteriores (...) é possível observar que nunca tivemos uma variação acima de 7% de um ano para outro. Sendo que, em geral, o incremento ficava abaixo ou em torno de 3%. De 2010 a 2019, a média de variação foi de 1,8%", analisou a gerente da pesquisa do IBGE, Klívia Brayner.
O recorde de mortes no ano passado coincide com a devastadora crise de saúde causada pelo covid-19 no Brasil, um dos países mais afetados pela doença e que já acumula cerca de 612 mil mortes e 22 milhões de infetados.
Segundo o IBGE, 99,2% do saldo extra entre as mortes de 2020 e 2019 foram por causas naturais, que incluem mortes por doenças, e 75,8% das vítimas tinham 60 anos ou mais.
"Houve um crescimento bastante significativo nas mortes por causas naturais, o que é relevante no cenário de uma epidemia", disse Brayner.
O aumento de óbitos foi maior entre os homens (16,7%) do que entre as mulheres (12,7%).
O estudo também mostrou que o número de nascimentos caiu 4,7% face a 2019, totalizando 2.728.273 registos de nascimento, embora o IBGE justifique que a queda possa refletir o adiamento de registos devido à pandemia.
Da mesma forma, as mulheres brasileiras estão a adiar cada vez mais a maternidade: se em 2000 os registos de nascimento de mães com menos de 30 anos representavam 76,1% do total, em 2020 esse número caiu para 62,1%.
Já as mães de 30 a 39 anos, que representavam 22% na década de 2000, chegaram a 34,2% em 2020.
O IBGE também revelou que 2020 teve um impacto histórico nos casamentos, que tiveram a queda anual mais acentuada da série. Apenas 757.179 casais formalizaram os seus vínculos no ano passado, 26,1% a menos que em 2019.
A covid-19 provocou pelo menos 5.113.287 mortes em todo o mundo, entre mais de 254,29 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.
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