Na sua conferência de imprensa semanal desde Adis Abeba, o diretor do Centro de Controlo e Prevenção e Doenças da União Africana (África CDC), John Nkengasong, admitiu que a organização que dirige está preocupada com o aparecimento da nova variante, Ómicron, mas garantiu que a situação pode ser gerida com as ferramentas que existem.
"Não há absolutamente qualquer necessidade de pânico", disse, sublinhando tratar-se de "uma nova variante e não de um novo vírus" e que as ferramentas que se usaram para lidar com a pandemia nos últimos dois anos "são eficazes contra todas as variantes".
No entanto, sublinhou a necessidade de vacinar uma grande proporção da população, o que ainda está longe de acontecer em África, onde apenas 7% da população está totalmente vacinada.
Reconhecendo que as vacinas estão finalmente a chegar ao continente de forma regular e previsível, o diretor do África CDC lamentou que a adesão não esteja a ser tão rápida como seria desejável.
Adiantou que haverá ainda este mês uma reunião dos ministros da Saúde dos 54 países-membros da União Africana para estudar formas de aumentar a adesão à vacinação.
"Não temos verdadeiramente outra alternativa. Temos de usar estas vacinas", avisou, após referir que os países da União Africana adquiriram 417,5 milhões de doses da vacina para a covid-19, das quais apenas 235,8 milhões de doses foram administradas, o que representa 56,46% das vacinas disponíveis no continente.
Nkegasong defendeu que a fase aguda da pandemia já terminou e agora é preciso lidar com a sua fase crónica.
Lembrou que em 2020 as únicas ferramentas que havia para impedir a disseminação do novo coronavírus eram as medidas de saúde pública: lavar as mãos, cobrir o nariz, distanciamento social.
"Em 2021, a situação evoluiu, as vacinas ficaram disponíveis e passámos a ter duas ferramentas: as medidas de saúde pública e as vacinas", sublinhou, recordando que em 2022 haverá também medicamentos, pelo que serão três as ferramentas disponíveis.
"A fase de reação acabou. Agora temos de olhar para um programa: com estas três ferramentas o que podemos fazer, temos de olhar para a fase crónica desta doença", afirmou.
Na sua intervenção, o responsável alertou ainda para o risco de um surto no final de dezembro, início de janeiro, após as festas de fim de ano.
"Se toda a família estiver vacinada, podem celebrar sem máscaras. Mas se receberem estranhos dentro de casa ponham as máscaras para evitar espalhar esta nova variante, sobre a qual ainda não sabemos muito", aconselhou.
A covid-19 provocou pelo menos 5.206.370 mortes em todo o mundo, entre mais de 261,49 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.
Uma nova variante, a Ómicron, foi recentemente detetada na África do Sul.
Na sua conferência de imprensa de hoje, John Nkengasong, disse que o continente regista até hoje um total acumulado de 8,6 milhões de infetados com o coronavírus, ou seja 3,3% dos casos a nível global.
No total, 223 mil pessoas morreram com a covid-19, o que representa 4,3% das mortes a nível mundial.
Anunciou ainda que número de novos casos de covid-19 em África mais do que duplicou na última semana, muito devido ao aparecimento da nova variante.
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