Putin considera Índia como "grande potência" e "aliado seguro" da Rússia
A Rússia considera a Índia como "uma grande potência" e "um aliado seguro", afirmou hoje o Presidente russo, Vladimir Putin, após chegar a Nova Deli para uma visita destinada a reforçar a cooperação energética e militar.
© Lusa
Mundo Putin
"Consideramos a Índia como uma grande potência, uma nação amiga e um aliado seguro", declarou Putin aos jornalistas, antes de seguir para um encontro com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
Naquela que é a segunda viagem ao estrangeiro desde o início da pandemia de covid-19, depois de um encontro, em junho, com o homólogo norte-americano, Joe Biden, em Genebra (Suíça), Putin pretende reforçar os laços militares e energéticos com a Índia, um aliado tradicional "cortejado" pelos Estados Unidos.
Os Estados Unidos, que estão a esforçar-se para conter a ascensão da China, estabeleceram (em 2007) o Diálogo de Segurança Quadrilateral, também conhecido como Quad (a sigla em inglês), um fórum estratégico informal com a Índia, Japão e Austrália que teve este ano a sua primeira cimeira, iniciativa que levantou preocupações em Pequim e Moscovo.
A Índia esteve próxima da então União Soviética durante a Guerra Fria e a relação, que perdura até hoje, é descrita por Deli como uma "parceria estratégica especial e privilegiada".
Para a agência noticiosa France-Presse (AFP), a visita de Putin é "notável", tendo em conta que o Presidente russo não participou em reuniões importantes, como as cimeiras do G20 (as maiores economias mundiais) e da COP26 (cimeira do clima da ONU), e também adiou uma planeada visita à China.
"É extremamente simbólico. Indica o quanto [Moscovo] eles não querem que os relacionamentos estagnem ou diminuam", disse Nandan Unnikrishnan, do grupo de estudos Observer Research Foundation, com sede em Nova Deli.
No entanto, destaca a AFP, Putin enfrenta uma dinâmica regional complexa, com tensões crescentes entre a Índia e a China, desde os confrontos mortais em 2020 entre as duas potências nucleares na linha de controlo na região dos Himalaias.
"A influência da Rússia na região é muito limitada, principalmente devido aos laços estreitos com a China", disse, por seu lado, Tatiana Belousova, professora de política internacional da Universidade OP Jindal, em Haryana (norte).
O Kremlin (Presidência russa) indicou que as negociações na Índia serão dominadas por questões de defesa e energia.
O chefe da gigante energética russa Rosneft, Igor Setchine, está entre os membros da delegação num momento em que estão a ser negociados "vários acordos energéticos importantes".
A Rússia é, há muito, um grande fornecedor de armas à Índia, tendo modernizado as forças armadas indianas.
Um dos últimos contratos assinados em 2018, ligados ao sistema de defesa aérea S-400, ascendeu a mais de 5.000 milhões de dólares (4.430 milhões de euros).
Modi argumentou então que as decisões foram tomadas para "fortalecer as relações com Moscovo a longo prazo".
A Índia acabou por ignorar a lei norte-americana de Combate aos Adversários da América através da Lei de Sanções (CAATSA), que sanciona a compra de armas russas por qualquer país ou entidade.
"Os nossos amigos indianos deixaram claro que são um país soberano e que decidirão a quem comprar armas e com quem fará parcerias", disse hoje o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Na semana passada, o Departamento de Estado norte-americano indicou que ainda não tomou qualquer decisão a respeito da Índia.
A Índia tem estado a tentar diversificar as importações militares, mas analistas citados pela AFP acreditam que ainda não chegou o momento de Deli se afastar de Moscovo, sobretudo porque planeia aumentar a própria produção.
Antes da visita de Putin, os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa dos dois países estiveram reunidos.
Vários acordos e contratos foram assinados, que vão desde armas de pequeno calibre à cooperação militar, indicou o ministro da Defesa indiano, Rajnath Singh, através da rede social Twitter.
Por seu lado, o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, sublinhou que os dois países "promovem posições idênticas ou semelhantes nas questões mais importantes para o mundo e para a segurança".
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