O secretário da Saúde do Reino Unido, Sajid Javid, acrescentou no sábado a Nigéria à "lista vermelha" de viagens para o Reino Unido, o que significa que as chegadas serão proibidas exceto para os residentes do Reino Unido e da Irlanda.
Javid afirmou que havia um "número significativo" de casos de Ómicron ligados às viagens com a Nigéria, com 27 casos registados em Inglaterra.
Todavia, as autoridades nigerianas dizem não ter relatado quaisquer novos casos de Ómicron no país desde que anunciaram em 01 de dezembro que tinham detetado três casos em viajantes que chegaram da África do Sul.
A proibição britânica "não é impulsionada pela ciência" e é "injusta, punitiva, indefensável e discriminatória", declarou o ministro da Informação nigeriano, Lai Mohammed.
"Estas respostas reflexivas são impulsionadas pelo medo, em vez de pela ciência. Porque é que o mundo não pode olhar seriamente para a questão do acesso às vacinas, e assegurar que esta se baseia nos princípios fundados no direito de cada ser humano a gozar do mais alto nível de saúde possível, sem discriminação com base na raça, religião, crença política, económica ou qualquer outra condição social?", questionou o ministro.
A Nigéria, o país mais populoso de África, não está a considerar impor proibições de viagens de qualquer país, esclareceu o ministro da Saúde, Osagie Ehanire, à agência de notícias Associated Press.
"Em vez disso, está a concentrar-se em aumentar a vigilância e os testes, uma vez que visa o equilíbrio entre salvar vidas e salvar meios de subsistência", acrescentou o ministro da Saúde.
Até agora, apenas cerca de 3,78 milhões dos 206 milhões de nigerianos foram totalmente vacinados. Mas Enahire disse que a situação no país está sob controlo, acrescentando que o Governo está em condições de aceder a 100 milhões de doses.
Novos casos confirmados têm permanecido baixos desde que foram detetados os primeiros casos da nova variante, com uma média diária de 80 casos.
Ehanire chamou à proibição de viagens "um passo extremo" que as autoridades nigerianas não vão dar agora porque sabem "que o vírus de alguma forma circula".
A Nigéria exige que os viajantes que entram no país façam um teste PCR à covid-19 no prazo de 48 horas antes da partida, que façam outro teste no segundo dia após a chegada e se auto-isolem durante sete dias. Após esta fase, é exigido um terceiro teste a quem não estiver totalmente vacinado.
Um programa de vacinação em massa na Nigéria está gradualmente a ganhar ímpeto à medida que a nação pretende vacinar completamente 55 milhões de pessoas nos próximos dois meses.
O ministro da Saúde disse que a Nigéria também está a procurar produzir vacinas contra a covid-19 localmente, financiadas pelo Governo e investidores.
"Estamos prontos, estamos dispostos e também sabemos que a Nigéria, em geral, terá em conta as necessidades de toda a África Ocidental", concluiu.
A covid-19 provocou pelo menos 5.253.726 mortes em todo o mundo, entre mais de 265,13 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
África totalizou, até hoje, 223.471 mortes, de entre 8.740.617 casos.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.
Uma nova variante, a Ómicron, classificada como "preocupante" pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, a 24 de novembro, foram notificadas infeções em cerca de 30 países de todos os continentes.
Leia Também: Reino Unido com mais 51.459 casos e 41 mortos em 24 horas