Em declarações a partir de Genebra para o Conselho de Segurança da ONU, reunido em Nova Iorque, Filippo Grandi sublinhou que os deslocamentos forçados são uma das "muitas faces do falhanço do sistema internacional" e recebem uma "atenção intermitente (...), particularmente quando afetam países no norte global".
"Os deslocamentos forçados continuam a ser sujeitos a manipulações políticas e a gerar, muitas vezes, reações exageradas. Vimos uma mistura de todos estes elementos, muito recentemente, na crise que se desenrolou na fronteira da Bielorrússia com países da União Europeia", considerou o líder da agência da ONU para Refugiados, ACNUR.
Filippo Grandi considerou que o sistema multilateral tem de ser reforçado face a um "sistema internacional que nunca foi tão sujeito ao fracasso" como agora.
São muitas as faces deste falhanço internacional, visto em situações de "instabilidade e insegurança, fome, desastres ou colapso de estados", mas também, sublinhou o alto-comissário, em situações de "deslocamentos forçados".
As tensões entre a Bielorrússia e a União Europeia (UE) têm vindo a intensificar-se devido ao afluxo de migrantes, com os 27 países da União a acusarem o Governo do presidente Alexander Lukashenko de estar a levar a cabo um "ataque híbrido" contra o bloco europeu, usando migrantes como peões.
A UE diz que a Bielorrússia está a enganar os migrantes, de forma a levá-los a tentar entrar na Polónia, Lituânia e Letónia, países membros da União Europeia. Já as autoridades bielorrussas negam estas acusações e acusam a UE de não oferecer passagem segura aos migrantes.
Bruxelas acusa Minsk de ter orquestrado o afluxo, para as fronteiras da Polónia, Lituânia e Letónia, de milhares de migrantes, como retaliação por sanções previamente impostas pelos países ocidentais para punir a repressão brutal de um movimento de protesto contra o regime de Lukashenko, em 2020.
A crise intensificou-se no mês passado, com o aumento dos fluxos de migrantes, principalmente provenientes de países do Médio Oriente, como o Iraque.
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