Países pobres receberam 0,6% das vacinas mundiais até final de novembro

 Os países pobres receberam até final de novembro apenas 0,6% das vacinas contra a covid-19 produzidas no mundo, revelou hoje a Organização Não Governamental (ONG) Human Rights Watch, que alertou para um acesso "extremamente desigual".

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© REUTERS/Pedro Nunes

Lusa
15/12/2021 06:27 ‧ 15/12/2021 por Lusa

Mundo

Pandemia

 

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"O acesso às vacinas [contra a] covid-19 é extremamente desigual globalmente e a escassez de suprimentos ameaça a saúde, vidas e meios de subsistência à medida que novas variantes surgem", alertou a ONG num comunicado a que a agência Lusa teve acesso.

Até 29 de novembro, os países pobres tinham recebido apenas 0,6% das vacinas mundiais e a grande maioria das vacinas produzidas pela Pfizer, Moderna e Janssen teve como destino países desenvolvidos, segundo dados recolhidos pela empresa de análises e informações cientificas, Airfinity, citados pelo grupo People's Vaccine Alliance.

Em 12 de outubro, governos de países desenvolvidos comprometeram-se a doar 1,8 biliões de doses de vacinas, mas apenas 14% foram entregues, de acordo com os dados do Airfinity.

As previsões de uma produção global que previam que o mundo em breve teria uma quantidade suficiente de vacinas contra a covid-19 são enganadoras, alerta a ONG.

"A produção de vacinas tem ficado repetidamente aquém das projeções. Em setembro, a COVAX, a iniciativa global de aquisição de vacinas, anunciou uma redução de 25% na sua angariação de vacinas previsto para 2021", salientou a Human Rights Watch.

As previsões não têm em consideração as doses de reforço necessárias, a vacinação de crianças ou a vacinação contra as novas variantes, bem como aquelas que são perdidas em desperdícios.

"Estes fatores aumentam significativamente a necessidade global", referiu a ONG.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os dias há seis vezes mais doses de reforço a serem administradas globalmente do que as primeiras doses em países pobres.

A "maioria das doações" de vacinas para África "têm sido 'ad hoc', fornecidas com pouca antecedência e com uma vida útil curta".

"Isto tornou extremamente difícil para os países planear campanhas de vacinação e aumentar a capacidade de absorção", relataram num comunicado conjunto, divulgado em 29 de novembro, o African Vaccine Acquisition Trust (AVAT), os Centros Africanos de Controlo e Prevenção de Doenças, reunidos no Africa CDC, e a COVAX -- o mecanismo internacional, criado pela Aliança para as Vacinas (Gavi) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para permitir a 92 países e territórios desfavorecidos receberem gratuitamente vacinas financiadas por países ricos.

A covid-19 provocou pelo menos 5.311.914 mortes em todo o mundo, entre mais de 269 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.

Uma nova variante, a Ómicron, classificada como "preocupante" pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, a 24 de novembro, foram notificadas infeções em pelo menos 57 países de todos os continentes, incluindo Portugal.

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