Democratas dos EUA preocupados com falta de popularidade de Biden

Com a popularidade do Presidente Joe Biden em mínimos históricos, os democratas norte-americanos olham com preocupação para as eleições intercalares de 2022, enquanto os republicanos temem um efeito das intenções de recandidatura de Donald Trump.

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© SAUL LOEB/AFP via Getty Images

Lusa
20/12/2021 10:02 ‧ 20/12/2021 por Lusa

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Eleições

Washington, 20 dez 2021 (Lusa) -- Com a popularidade do Presidente Joe Biden em mínimos históricos, os democratas norte-americanos olham com preocupação para as eleições intercalares de 2022, enquanto os republicanos temem um efeito das intenções de recandidatura de Donald Trump.

As eleições intercalares nos Estados Unidos - marcadas para 08 de novembro de 2022 e em que vão ser escolhidos todos os 435 lugares na Câmara de Representantes e 34 dos 100 lugares no Senado - são vistas geralmente como avaliações à popularidade do inquilino da Casa Branca e à eficácia da estratégia governativa.

Desde agosto até ao último mês de 2021, Biden viu a sua taxa de aprovação descer de 50% para 43% e os analistas desconfiam que as ameaças que pairam sobre o desempenho da economia dos Estados Unidos, em particular os elevados níveis de inflação, podem prejudicar ainda mais as aspirações dos democratas em manter as suas tímidas maiorias na Câmara de Representantes e, sobretudo, no Senado.

Agosto foi exatamente o mês em que tudo se começou a complicar, com a chegada ao poder dos talibãs no Afeganistão, perante uma turbulenta e apressada saída dos soldados norte-americanos, com imagens televisivas de afegãos a subir para aviões em movimento que caíram como "bombas de napalm" no prestígio da Casa Branca.

Joe Biden preparou para os próximos meses um ambicioso programa de regeneração da imagem dos EUA no exterior, que se iniciou recentemente com o lançamento da primeira sessão da Cimeira para a Democracia -- que junta mais de uma centena de líderes de países livres -- e que vai prosseguir com uma intensa agenda de negociações para reforçar as alianças com os seus aliados europeus e para repensar as difíceis relações com os seus mais perigosos rivais: a Rússia e a China.

Perante a Rússia, a Casa Branca parece determinada em travar a escalada de tensão montada junto às fronteiras da Ucrânia e em obrigar o Presidente Vladimir Putin a abandonar o que Biden chama de "chantagens políticas" com a crise energética, além de tentar convencê-lo a voltar a tratados de controlo de armamento convencional e nuclear (que, entretanto, caducaram ou foram abandonados).

Mas basta olhar para os cerca de 100.000 soldados russos instalados junto às fronteiras da Ucrânia ou ouvir as declarações do Kremlin sobre as "linhas vermelhas" da ação da NATO na Europa de Leste para se perceber que a relação dos Estados Unidos com a Rússia não coincide com as fotos de sorrisos na cimeira Biden/Putin de junho, em Genebra.

Em relação à China, a Casa Branca anunciou que no próximo ano vai procurar o apaziguamento da guerra comercial com Pequim, que atingiu o seu pico de tensão em 2018, e tentar a moderação em relação aos episódios de provocação militar no Indo-Pacífico.

Mas as difíceis conferências sobre taxas comerciais, como a que ocorreu este ano no Alasca, e o muito criticado plano de Defesa envolvendo o Reino Unido e a Austrália para a região marítima onde a China aspira à hegemonia, revelam que, também aqui, Biden não terá vida fácil em 2022.

No plano doméstico, no próximo ano, Biden aposta em rentabilizar o seu volumoso, e trilionário, plano de infraestruturas, aprovado com dificuldade no Congresso, mas que os estrategas da Casa Branca acreditam que pode dar um novo fôlego à economia norte-americana, em particular na promoção de muito do emprego perdido durante a crise da pandemia de covid-19.

Mas o sentimento dos norte-americanos não coincide com o entusiasmo da bolsa de valores, que subiu substancialmente em 2021, e os estudos de mercado revelam que a confiança dos consumidores está em níveis muito fracos, bem como que as pessoas continuam pouco confiantes nos planos da Casa Branca para a recuperação económica.

Esta desconfiança na eficácia do Governo de Biden refletiu-se em 2021 em algumas eleições estaduais, provocando inesperadas derrotas dos democratas - como aconteceu para os lugares de governador e de procurador-geral do estado da Virgínia -- o que está a dar novo alento aos republicanos, que olham para as eleições intercalares de 2022 como uma auspiciosa rampa de lançamento para a recuperação da Casa Branca.

Donald Trump já começou a sua campanha de angariação de fundos para uma tentativa de reeleição em 2024 e o próximo ano poderá ser decisivo para a definição do futuro do Partido Republicano, onde setores relevantes não escondem a preocupação com as ambições do empresário, considerando-o um "ativo tóxico", tendo em conta os vários processos judiciais em que está envolvido.

Contudo, para os próximos meses, os republicanos preferem concentrar-se noutras preocupações, nomeadamente na estratégia para aproveitar as debilidades da Casa Branca no combate à criminalidade, que tem vindo a aumentar, e na ineficácia da estratégia económica para lidar com o crescimento do emprego e a vertiginosa inflação (que já superou os 6%).

Os estrategos de Biden dizem que o Presidente precisa, antes de mais, de unir o país e os dois partidos à volta das suas causas, antes de iniciar a aplicação do seu plano de reforma do setor social e económico.

Mas dentro do Partido Democrata, a ala mais progressista demonstra impaciência com a incapacidade do Presidente em cumprir promessas eleitorais, nomeadamente no setor social e financeiro, e nos próximos meses deverá pressionar a Casa Branca a ser mais assertiva na aplicação de medidas de proteção dos mais desfavorecidos e no aumento da carga fiscal sobre as grandes empresas, para financiar as reformas que foram bandeira de campanha.

Leia Também: Biden denuncia ataques "implacáveis" contra acesso ao voto das minorias

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