Segundo o Kremlin, os chefes de Estado mantiveram uma conversa telefónica em que "continuou o debate dos temas relacionados com o reforço da segurança do continente europeu".
Neste contexto, dedicaram "especial atenção aos esboços" de acordos apresentados por Moscovo para impedir o destacamento de tropas e armamento da Aliança Atlântica para perto das suas fronteiras.
"Putin informou sobre o trabalho levado a cabo pela diplomacia russa nesse sentido", indicou o Kremlin.
Na semana passada, a Rússia propôs à Aliança Atlântica que desista de toda a atividade militar no seu quintal das traseiras, da Europa de Leste até ao Cáucaso e Ásia Central, e instou-a a desistir da entrada futura no bloco de qualquer república ex-soviética, um veto ao acesso da Ucrânia e da Geórgia.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, afirmou hoje que a Aliança não comprometerá o direito de qualquer país, incluindo a Ucrânia, de decidir sobre se quer entrar na organização, nem o princípio de defesa coletiva segundo o qual um ataque contra um membro da NATO é considerado um ataque contra todos eles.
"Nunca comprometeremos o nosso direito a defender todos os aliados e nunca comprometeremos o direito de cada país da Europa, incluindo a Ucrânia, de escolher o seu próprio caminho", declarou hoje Stoltenberg, em conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro romeno, Nicolae Ciuca.
Stoltenberg assegurou que os países da NATO têm uma posição e perspetiva "unida" em relação à Rússia, que assenta "na dissuasão e na defesa", disse ainda que pretende convocar uma reunião do Conselho NATO-Rússia "para princípios do próximo ano".
"Para nos sentarmos e debatermos essas questões" com Moscovo, frisou.
Macron e Putin também conversaram sobre "a difícil situação que atravessa o processo de resolução do conflito ucraniano, causada pela falta de vontade de Kiev de cumprir os acordos de Minsk", segundo a Presidência russa.
Putin condicionou a possibilidade de convocar uma nova cimeira do chamado "Formato da Normandia" (composto por Alemanha, França, Ucrânia e Rússia) aos "passos concretos das autoridades de Kiev para o cumprimento das medidas previstas nos acordos de Minsk".
Ambos debateram ainda, a pedido de Macron, a situação no Mali, país que poderá contratar os serviços da empresa de mercenários russos Wagner, uma coisa a que França se opõe categoricamente.
O conflito de Nagorno-Karabakh, entre a Arménia e o Azerbaijão, também foi abordado pelos líderes russo e francês, que expressaram a sua satisfação com a estabilização da situação naquela região e os esforços empreendidos para o regresso à vida pacífica e o restabelecimento das vias de transporte.
"A Rússia e França estão e continuarão a trabalhar de forma sincronizada nestes assuntos", indicou a Presidência russa.
Outro dos temas abordados foi as limitações impostas em França ao canal televisivo estatal Russia Today, com o pedido russo de permitir que exerça a sua atividade "sem discriminação alguma e com as mesmas possibilidades de trabalho que são dadas aos meios de comunicação social em França e na Rússia".
Por último, Putin saudou Macron pelo seu aniversário e ambos "trocaram felicitações em vésperas das festas de Natal e Ano Novo", concluiu o serviço de imprensa do Kremlin.