Há cada vez mais jovens a morrer com drogas vendidas nas redes sociais
Num único ano, as mortes provocadas por medicamentos falsos aumentaram 50% entre jovens com menos de 24 anos.
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Mundo drogas
Alondra Salinas, de 15 anos, preparou os seus ténis brancos novos e arrumou a mochila. Na manhã seguinte regressava à escola presencial. Contudo, a mãe não a conseguiu acordar.
Sabe-se agora que, horas antes, tinha comprado umas alegadas vitaminas azuis que eram, afinal, fentanil, um opioide utilizado como medicamento para aliviar dores.
Já Zachary Didier, de 17 anos, aguardava a entrada na universidade quando um Percocet (semelhante a paracetamol) falso o matou. Sammy Chapman, um estudante de mérito de 16 anos teve a mesma sorte quando pensou que estava a tomar Xanax.
Histórias semelhantes à destes três jovens repetem-se um pouco por todos os estados norte-americanos, onde as mortes acidentais entre jovens têm aumentado, à medida que há uma proliferação de medicamentos à base de fentanil.
As estatísticas mostram um grande aumento de mortes relacionadas com drogas durante a pandemia nos EUA. De 2019 para 2020 houve um aumento de 32%, ou seja, mais de 93 mil pessoas foram vítimas deste tipo de consumo. O mais chocante, revela o The Guardian esta quinta-feira, é que esta subida nota-se, essencialmente, na faixa etária com menos de 24 anos, onde as mortes provocadas por medicamentos aumentaram 50% num único ano, tirando a vida a 7.337 jovens o ano passado.
Especialistas garantem que esse aumento se deve às grandes quantidades de fentanil que está a circular nos EUA. Há uma “enxurrada de comprimidos falsificados, cheios de fentanil a serem vendidos nas redes sociais e a serem entregues diretamente nas casas das crianças”, revelam.
Na Califórnia, por exemplo, onde as mortes por fentanil eram raras há apenas cinco anos, um jovem com menos de 24 anos morre agora a cada 12 horas. Um aumento, segundo o Departamento de Saúde Pública da Califórnia, de 1.000% em relação a 2018.
Só nos primeiros três meses de 2021, as autoridades norte-americanas apreenderam 10 milhões de comprimidos falsificados e as análises aos mesmos mostram que duas em cada cinco falsificações continham fentanil suficiente para matar.
Confrontados com estas tragédias, já são muitas as famílias que imploram medidas mais eficazes para parar com o tráfico de drogas nas redes sociais, assim como mais apoio à saúde mental na adolescência.
Alguns chegaram mesmo a manifestar-se em frente à sede do Snapchat. Entretanto, esta empresa já disse, numa audiência no Senado da Califórnia, que tinham aumentado todos os esforços para remover traficantes desta rede social, admitindo, contudo, que “eles estão constantemente a dar a volta às nossas táticas”.
Questionada sobre a mesma problemática, uma das porta-vozes Meta, detentora do Instagram, disse que a empresa bloqueia um “grande número” de publicações relacionadas com drogas e que até desenvolveu uma tecnologia para localizar e remover esse tipo de conteúdo de forma proativa”.
Recorde-se que o fentanil é um opioide sintético barato, 100 vezes mais potente do que a heroína. Além de estar a ser consumido com outras drogas, este surge muitas vezes em forma de um inocente comprimido, semelhante aos produtos farmacêuticos tradicionais.
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