No decurso de uma conferência de imprensa na capital tunisina, a equipa jurídica que defende Noureddine Bhiri declarou ter apresentado uma denúncia à Procuradoria Geral e a diversas instâncias internacionais, incluindo a União dos Advogados Árabes e o Grupo sobre Detenções Arbitrárias das Nações Unidas.
De acordo com o advogado Samir Dilou, um dos representantes de Bhiri, o político -- detido por diversos polícias à paisana frente à sua residência -- ingressou no domingo no hospital da cidade de Bizerta (norte) em estado "muito grave", poucas horas após iniciar uma greve de fome e de ter rejeitado tratamento médico.
A equipa de advogados acusa as autoridades de ausência de informação oficial sobre o local da detenção, o seu estado de saúde e os motivos da detenção, para além de impedir o contacto com a sua família e a equipa de defesa.
Pouco após a denúncia do Ennahdha, o Ministério do Interior tunisino informou que as autoridades impuseram uma ordem de prisão domiciliária a dois indivíduos, sem revelar os seus nomes, "com o objetivo de preservar a segurança e a ordem".
Bhiri, um destacado dirigente do Ennahdha, a principal força do parlamento atualmente suspenso, com 54 dos 217 deputados, foi ministro da Justiça entre 2011 e 2013 e ocupou o cargo de ministro delgado do primeiro-ministro entre 2013 e 2014.
O partido criticou severamente o "sequestro e perigoso precedente, que sugere que o país vai entrar na via da tirania, e a liquidação dos opositores políticos de forma extrajudicial por parte do regime golpista, após o seu fracasso na gestão dos assuntos do Governo e a sua incapacidade para cumprir com as suas falsas promessas".
Após declarar o estado de exceção em 25 de julho -- que incluiu a demissão do primeiro-ministro, Hichem Mechichi, e a suspensão do parlamento por período indeterminado --, Said congelou a quase totalidade da Constituição de 2014, e muniu-se de plenos poderes para "recuperar a paz social".
Esta decisão foi considerada um "golpe de Estado" pela maioria dos partidos políticos, enquanto outros se referiram a uma "retificação" da revolução de 2011, que pôs termo a duas décadas do regime ditatorial de Zin El Abidine Ben Ali.
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