"O foco de incêndio que ocorreu ontem [segunda-feira] à noite foi agora contido", disse hoje Moloto Mothapo, porta-voz do Parlamento, através da rede social Twitter.
O presidente do Conselho Nacional das Províncias (o Senado Sul Africano), Amos Masondo, indicou na segunda-feira que o incêndio consumiu "por completo a câmara da Assembleia Nacional (câmara baixa do Parlamento)", assim como vários gabinetes na zona mais antiga do edifício, bem como parte dos blocos adjacentes mais modernos.
O chefe da segurança da Câmara Municipal do Cabo, Jean-Pierre Smith, referiu que os novos focos de incêndio que surgiram na segunda-feira "destruíram completamente o quarto e quinto andares da nova ala [que alberga a Assembleia Nacional]", de acordo com os meios de comunicação locais.
A biblioteca parlamentar, o museu, as obras de arte alojadas no edifício e o rés-do-chão do edifício mais antiga - a "Velha Assembleia" - não foram danificados.
O chefe dos bombeiros, Ian Schnetler, disse que se encontram ainda no local dois veículos de combate a incêndios e que o conjunto de três edifícios continua a ser inspecionado.
As equipas de engenheiros e especialistas destacados para o local esperam ter um relatório preliminar sobre as circunstâncias do incêndio concluído até sexta-feira, segundo disse a ministra das Obras Públicas e Infraestruturas sul-africana, Patricia de Lille, em declarações à comunicação social na segunda-feira.
O incêndio terá começado no edifício mais antigo, concluído em 1884, e depois espalhou-se aos dois edifícios da ala mais recente, que alberga a atual câmara baixa do Parlamento na Cidade do Cabo e os seus gabinetes.
O velho hemiciclo, forrado a painéis de madeira, no qual o Presidente sul-africano faz tradicionalmente o discurso do estado da nação ficou completamente destruído.
As equipas de emergência foram notificadas da existência do incêndio por volta das 06:00 locais (04:00 TMG) de domingo, mas a causa do incêndio ainda não é conhecida.
Várias circunstâncias estão também a ser investigadas, como por exemplo, a razão pela qual os sensores de incêndio foram lentos a responder e os aspersores não funcionaram porque uma válvula de água estava fechada, segundo Patricia de Lille.
Um suspeito foi detido no domingo dentro do edifício e foi hoje conduzido perante um juiz num tribunal da Cidade do Cabo, mas a audiência foi adiada para o próximo dia 11, para permitir à investigação esclarecer alguns elementos do caso, ainda dependentes do acesso ao local.
O suspeito permanecerá detido, pelo menos, até essa data. O seu defensor oficioso, o advogado Luvuyo Godla, afirmou que o seu constituinte nega qualquer envolvimento e que irá declarar-se inocente. Já a acusação opôs-se a que o suspeito aguardasse pela próxima audiência em liberdade.
A acusação, a que a agência France-Presse teve acesso, acusa o suspeito de invadir o complexo parlamentar no centro da Cidade do Cabo e de "incendiar os edifícios do Parlamento" para roubar "computadores portáteis, louça e documentos".
Patricia de Lille confirmou hoje que as câmaras de segurança estavam a funcionar corretamente nas primeiras horas da manhã do dia do incidente e que a polícia estava encarregada de as monitorizar.
Segundo a ministra, as câmaras de vigilância mostraram que o suspeito estava no edifício por volta das 02:00, "mas os seguranças só o viram por volta das 06:00, quando olharam para os ecrãs, alertados pelo fumo", afirmou de Lille à AFP.
"As câmaras funcionaram. O problema é que ninguém as verificou durante a noite fatídica", disse. "Isto também faz parte da investigação. Como é que não nos apercebemos antes que havia alguém no edifício? Deve ter havido uma quebra de segurança", acrescentou.
A Cidade do Cabo é sede do Parlamento desde 1910, e o Governo sul-africano está sediado em Pretória. A África do Sul, com uma população de 59 milhões de habitantes, tem três capitais: a administrativa, em Pretória, no norte; a legislativa, na Cidade do Cabo, sudoeste do país; e a judicial, em Bloemfontein, no centro.
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