"Estamos a acompanhar atentamente os eventos no país vizinho e irmão (...) somos a favor de uma solução pacífica para todos os problemas dentro do quadro legal e constitucional e por meio do diálogo (...) não de tumultos nas ruas e violação das leis ", indica um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.
O ministério expressa a esperança de ver "um retorno da situação no país à normalidade o mais rápido possível", assinalando que a Rússia está ligada ao Cazaquistão "por relações de parceria e aliança estratégica, bem como por contatos fraternos e humanos".
O Cazaquistão tem uma importância crucial para a Rússia como parceiro económico e o ex-Presidente Nursultan Nazarbaiev, que governou o país até 2019, mas mantém grande influência, é um aliado próximo do Presidente russo, Vladimir Putin.
Os protestos começaram no domingo, após um aumento nos preços do gás natural liquefeito (GNL), na cidade de Janaozen, no oeste do país, e alargaram-se à grande cidade regional de Aktau, nas margens do Mar Cáspio, e posteriormente a Almaty.
Um grupo de manifestantes invadiu hoje o edifício principal da câmara municipal em Almaty, a capital económica do Cazaquistão.
Os contestatários reuniram-se numa praça da cidade antes de se dirigirem para as instalações da administração local e de terem desapossado polícias dos seus cassetetes e escudos, de acordo com a AFP.
Na noite de terça-feira para hoje, a polícia também dispersou uma manifestação com 5.000 pessoas utilizando gás lacrimogéneo.
As manifestações de protesto são raras no Cazaquistão, um país autoritário, onde as manifestações devem ter uma autorização prévia das autoridades.
O Presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokaiev, destituiu hoje o governo e declarou o estado de emergência até 19 de janeiro em várias regiões, incluindo Almaty, onde estará em vigor um recolher obrigatório das 23:00 às 07:00, hora local.
O país está a passar também hoje por um "apagão nacional na internet", escreveu na rede social Twitter o grupo de monitoramento online NetBlocks.
"O Cazaquistão está atualmente a passar por um apagão nacional de internet após um dia de interrupções na internet móvel e restrições parciais", afirmou a organização não-governamental, sublinhando que isso "provavelmente limitará severamente a cobertura dos protestos antigovernamentais que se estão a intensificar".
Antes da invasão da câmara municipal em Almaty, a polícia do Cazaquistão informou ter efetuado mais de 200 detenções nos protestos, onde dezenas de agentes ficaram feridos.
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