Bolsonaro, que venceu as eleições de 2018 com uma campanha na qual comunicou com os eleitores principalmente através das redes sociais, até agora não tinha estado muito ativo no Tik Tok, uma plataforma de partilha de vídeos que ganhou grande popularidade nos últimos anos, principalmente entre os jovens.
No seu primeiro vídeo com tom eleitoral nesta rede, Bolsonaro reproduziu segmentos de uma antiga entrevista sua em que ataca Lula, antigo Presidente do Brasil que todas as sondagens apontam como favorito à reeleição no sufrágio de outubro.
No vídeo, o chefe de Estado afirma que a preocupação da esquerda com os militares brasileiros, entre os quais se incluiu por ser capitão da reserva do Exército, é que eles são o "último obstáculo ao socialismo".
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Bolsonaro acrescentou que a sua intenção não é ser reeleito, mas impedir o regresso da esquerda ao poder no Brasil "porque isso será o fim para todos".
"Acabei de ouvir Lula dizer que se voltar ao poder vai exercer o controlo das 'mídias' sociais", disse o Presidente.
Bolsonaro citou ainda os quase 500 venezuelanos que chegam todos os dias ao Brasil "fugindo da fome e da miséria na Venezuela" e afirmou que o Presidente do país vizinho, Nicolás Maduro, tem o apoio de Lula da Silva.
"Vejo esses problemas e o que me preocupa é que possamos converter-nos numa outra Venezuela", finalizou o chefe de Estado, num vídeo que inclui imagens de refugiados venezuelanos atendidos no Brasil.
Bolsonaro e Lula não escondem a intenção de disputar as eleições, mas negam estarem em campanha para não serem acusados de violar a legislação eleitoral, que só permite iniciativas poucos meses antes das eleições.
A utilização do Tik Tok para publicar um vídeo com ataques a Lula surge após um estudo mostrar que o histórico líder do Partido dos Trabalhadores (PT) passou a ameaçar a hegemonia que o líder de extrema-direita tinha nas redes sociais.
Segundo uma análise feita pela Fundação Getúlio Vargas sobre conteúdo nas redes sociais em dezembro, o líder de esquerda já aparece empatado em termos de seguimento com o atual chefe de Estado, que desde as eleições de 2018 é o político brasileiro que mais mobiliza internautas.
De acordo com o último levantamento do reputado Instituto Datafolha, que entrevistou 3.666 eleitores em dezembro, Lula lidera as sondagens de intenção de voto para as eleições presidenciais de outubro, com 48%, mais do dobro de Bolsonaro (22%).
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