"Tomamos nota do envio de forças militares estrangeiras para o Cazaquistão dominadas por um contingente russo [no quadro da OTSC], a convite das autoridades cazaques", indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano.
"As forças estrangeiras têm de respeitar a independência, soberania e legislação cazaque e o direito internacional, não devendo permanecer nesse país para além do período limitado anunciado" pela própria OTSC, integrada pela Rússia, Arménia, Cazaquistão, Bielorrússia, Quirguistão e Tajiquistão, acrescentou o Governo ucraniano.
Segundo o presidente cazaque, Kassym-Jomart Tokayev, estão no país 2.030 soldados da "força de manutenção de paz" da OSTC, cujo objetivo é proteger as infraestruturas estratégicas e estabilizar a situação na maior república da Ásia Central.
Tanto as autoridades de Nursultan como a OTSC garantiram que permanecerão no país por tempo limitado.
Hoje, o Presidente russo, Vladimir Putin, indicou que o contingente do OTSC "certamente será retirado do território do Cazaquistão",após cumprir a missão.
Mas o facto de a Rússia ter soldados, também no quadro de uma operação de manutenção de paz, em Nagorno Karabakh há mais um ano, e na Transnístria (Moldávia) desde a década de 1990, desperta na comunidade internacional o temor de que o mesmo possa acontecer no Cazaquistão.
A Ucrânia acompanha de perto a situação no Cazaquistão, atendendo à anexação da península da Crimeia pela Rússia em 2014 e a intervenção de Moscovo durante quase oito anos no conflito no Donbass, sublinha-se no comunicado de Kiev.
"Condenamos a violência que eclodiu em várias cidades do Cazaquistão e causou muitas vítimas", sublinhou o Ministério das Relações Exteriores.
Várias dezenas de pessoas, incluindo 16 polícias e dois soldados, morreram na "operação antiterrorista" lançada por Nursultan para reprimir os maiores protestos em 30 anos de independência do Cazaquistão.
"Neste momento crítico, é extremamente importante que o povo do Cazaquistão tome medidas para reduzir a escalada da situação e evitar mais violência, garantir o respeito pelos direitos humanos e a restauração das infraestruturas críticas e dos sistemas de segurança e comunicação", concluiu a nota da diplomacia ucraniana.
Em Berlim, o Governo alemão exortou hoje Tokayev a revogar a ordem de disparar a matar sobre os manifestantes que resistam às autoridades e também pediu a todas as partes envolvidas "que ponham fim imediatamente à violência".
Em conferência de imprensa, a porta-voz adjunta do Executivo alemão, Christiane Hoffmann, disse que a ordem de atirar "deve ser revogada imediatamente" e enfatizou que "viola as obrigações legais do Cazaquistão de respeitar e proteger os seus cidadãos".
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