Uma reclusa, de 31 anos, deu à luz um bebé natimorto na prisão de HMP Styal, em Cheshire, no Reino Unido, sem ajuda médica e sem medicação para as dores, concluiu uma investigação da Prisons and Probation Ombudsman (PPO).
Louise Powell não sabia que estava grávida e, quando entrou no estabelecimento, cerca de três meses antes do parto, assegurou que “não havia hipóteses” de uma gravidez. Contudo, a sua advogada, Jane Ryan, revela que os funcionários sabiam que a reclusa não tinha menstruação “há quatro ou cinco meses” e não investigaram.
A mulher foi presa em março de 2020, depois de admitir os crimes de agressão, assédio racial agravado e danos criminais.
No dia do parto, uma enfermeira não respondeu a três chamadas de emergência de um guarda da prisão, que davam conta das fortes dores da reclusa.
Sue McAllister, da PPO, considera que os funcionários cometeram “um sério erro de julgamento” quando ignoraram os pedidos de ajuda e fizeram um diagnóstico errado mesmo depois de a reclusa começar a sangrar.
Em declarações à BBC Newsnight, a mulher afirmou que a “dor da morte” da criança, que nasceu a 18 de junho de 2020, entre as 27 e 31 semanas, “nunca desaparecerá”. “Não posso perdoar a prisão por me deixar quando eu pedi ajuda e senti que estava a morrer”, frisou.
“Eu estava a ter uma emergência médica e devia ter sido ajudada com urgência, em vez disso, fui abandonada. Quero justiça para a Brooke [a bebé], para que nunca outra mulher tenha que passar por este horror na prisão”, acrescentou.
A investigação classifica o incidente como “profundamente triste e angustiante” e sublinha que “independentemente da causa, não é aceitável que alguém fique com uma dor aguda inexplicável durante várias horas sem uma avaliação adequada ou alívio da dor”.
Já a ministra das prisões do Reino Unido, Victoria Atkins, afirmou que “os trágicos eventos detalhados no relatório simplesmente nunca deveriam acontecer a nenhuma mulher ou criança”.
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