As autoridades de saúde espanholas estão a trabalhar numa transição para abandonar gradualmente a vigilância universal da Covid-19, e passar para um sistema a que chamam “sentinela”, revelou ontem o jornal El País.
Neste sistema, em vez de se denunciar todos os casos de Covid detetados no país, algo insustentável a longo prazo, segundo as autoridades, será escolhido de forma estratégica um grupo de médicos de primeira linha, para atuarem como testemunhas.
O objetivo é criar uma amostra estatisticamente significativa distribuída em pontos-chave, como é feito com os inquéritos, o que permite calcular como a doença se espalha. Assim, isto será feito não por contagens exaustivas, mas por extrapolações.
Esta é uma estratégia que está a ser planeada desde o verão de 2020, mas o planeamento está agora na sua fase final. Neste sentido, o Centro de Coordenação de Alertas e Emergências Sanitárias (CCAES), a Ponencia de Alertas, onde estão representados técnicos de todas as comunidades autónomas, e o Centro Nacional de Epidemiologia (CNE) têm várias reuniões marcadas esta semana para discutir esta mudança de filosofia, que está prevista ser implementada no final desta vaga provocada pela Ómicron.
“Agora, dada a enorme transmissibilidade da Covid, é muito difícil cumprir rigorosamente os protocolos de vigilância universal”, explica Amparo Larrauri, chefe do Centro Nacional de Epidemiologia (CNE), citado pelo El País. Salienta ainda que, perante a realidade da variante Ómicron, as autoridades de saúde espanholas estão “a trabalhar na transição de uma vigilância universal para uma sentinela da infeção respiratória aguda leve nos cuidados primários e grave nos hospitais. Mas não se pode mudar da noite para o dia”.
Ontem, também o chefe do executivo espanhol, Pedro Sánchez, salientou em entrevista à Cadena Ser, que estão "a caminhar para uma doença endémica em vez de uma pandemia como antes. Devemos responder com novos instrumentos a essa situação".
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