Líder da AIE acusa Rússia de piorar crise do gás na Europa
O líder da Agência Internacional de Energia acusou hoje Moscovo de agravar a crise do gás natural na Europa, alegando que preços altos e baixos níveis de armazenamento derivam em grande parte do comportamento do fornecedor estatal de gás Gazprom.
© Lusa
Mundo Energia
A Rússia poderia enviar até um terço mais de gás através dos gasodutos existentes, afirmou Fatih Birol, diretor-executivo da Agência Internacional de Energia (AIE), indicado que isso corresponderia aproximadamente à quantidade que as autoridades do setor dizem que seria necessária para evitar uma escassez severa em caso de temperaturas mais baixas do que o esperado.
"Em termos de gás europeu (...) acreditamos que há fortes elementos de aperto no mercado europeu devido ao comportamento da Rússia", disse Birol, numa conferência de imprensa 'online', acrescentando que "a Gazprom reduziu as suas exportações para a Europa em 25%", no quarto trimestre, em comparação com o mesmo período do ano anterior, "apesar dos preços elevados", acrescentou.
O Presidente russo, Vladimir Putin, tem defendido que a Gazprom cumpriu as suas obrigações nos contratos a longo prazo, alegando que os preços mais elevados se devem às decisões europeias nesta matéria.
"Também assinalo que os baixos fluxos de gás russo para a Europa de hoje coincidem com o aumento da tensão geopolítica sobre a Ucrânia. Queria apenas destacar essa coincidência", afirmou Birol, questionado pelos jornalistas sobre se a Rússia está a usar a questão do gás para pressionar politicamente os países da Europa Ocidental.
A Ucrânia e a NATO denunciaram nos últimos meses a concentração de um grande número de tropas russas perto da fronteira ucraniana, considerando tratar-se do prelúdio de uma invasão.
Os países ocidentais receiam uma possível invasão russa do território ucraniano, como a de 2014, que culminou com a anexação da península da Crimeia.
A Rússia pretende ainda que seja autorizado pela Europa o funcionamento do gasoduto Nord Stream 2 o mais rapidamente possível, deixando de ser necessário que o transporte se faça através da Ucrânia, até agora a porta de entrada do gás russo na Europa.
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