A primeira parte do relatório da comissão de inquérito presidida pelo juiz Raymond Zondo, encarregada de investigar a corrupção durante a era Zuma, entre 2009 e 2018, foi entregue ao Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, na semana passada.
O documento de mais de 800 páginas, contendo quase quatro anos de testemunho, conclui, entre outras coisas, que a capacidade da Autoridade Nacional do Ministério Público (NPA, na sigla em inglês) para processar judicialmente tem sido minada por anos de interferência política.
A NPA, que reconheceu o problema, disse numa declaração que tinha formado uma nova equipa ('task-force') com a unidade de polícia de elite da África do Sul, os 'Hawks'.
Esta nova formação "analisa sistematicamente as conclusões e recomendações da comissão, com vista a investigar e construir casos de procedimento criminal contra aqueles que infringiram a lei, seja no setor público ou privado", diz a declaração da Procuradoria.
"A NPA está a reconstruir-se lenta mas seguramente para cumprir o seu mandato essencial", assegurou ainda o poder judicial.
O relatório completo do inquérito sobre a corrupção deverá ser entregue até ao final de fevereiro.
Zuma, 79 anos, foi condenado a uma pena de prisão pela sua insistente recusa em testemunhar perante o juiz Zondo, e está em liberdade condicional desde setembro, por razões médicas.
A sua prisão, em julho, desencadeou uma onda de violência no seu bastião Kwazulu-Natal e em Joanesburgo, matando mais de 350 pessoas.
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