Em 09 de dezembro, as autoridades dinamarquesas anunciaram, sem revelarem as identidades, a detenção de quatro pessoas, antigos e atuais membros de dois serviços de inteligência do país nórdico.
Estes eram acusados, entre outros crimes, de terem divulgado "sem autorização informações altamente confidenciais dos serviços de inteligência".
Durante uma audiência que decorreu na segunda-feira, à porta fechada, num tribunal em Copenhaga, a identidade de Lars Findsen foi divulgada a pedido do próprio, segundo noticiaram vários órgãos de comunicação dinamarqueses.
A revelação da identidade de um dos detidos, que já liderou em momentos diferentes os dois serviços de inteligência do país, causaram alarme sobre se esta situação pode prejudicar os contactos das agências dinamarquesas com parceiros estrangeiros, noticia a agência AP.
A chefe do governo da Dinamarca assegurou hoje que a atual cooperação com parceiros internacionais pode até "expandir-se" apesar de reconhecer que este é "um caso muito sério".
À exceção de Lars Findsen, os outros três detidos já foram libertados.
Lars Findsen declarou-se inocente, mas o juiz decidiu manter a sua detenção pelo menos até 04 de fevereiro, tinha noticiado o jornal Politiken.
A investigação é secreta, o que significa que as acusações exatas e a natureza da divulgação dos dados confidenciais permanecem desconhecidas.
Segundo a comunicação social dinamarquesa, este caso refere-se, em particular, à divulgação de informações confidenciais aos 'media'.
Vários jornalistas terão sido ouvidos pelos investigadores.
Os serviços de inteligência deste país nórdico estão divididos em dois, o serviço de inteligência (FE), responsável por monitorar, prevenir e combater ameaças externas à Dinamarca e aos interesses dinamarqueses e faz parte do Ministério da Defesa e o PET, que se foca mais na segurança interna e depende da Justiça.
Lars Findsen liderou, entre 2002 e 2007, o PET e, entre 2015 e agosto de 2020, quando foi suspenso, o FE.
Detido no início de dezembro, Lars Findsen deixou o cargo na sequência de um relatório interno que denunciou um possível caso de espionagem ilegal de cidadãos dinamarqueses, embora tenha sido considerado inocente por uma comissão de investigação.
Nos últimos anos os serviços de inteligência estiveram envolvidos em vários escândalos.
Em 2019, um tribunal de Copenhague condenou o ex-diretor dos serviços de informações da Dinamarca (PET), Jakob Scharf, a quatro meses de prisão por ter violado o sigilo profissional num livro de memórias, embora a sentença tenha sido reduzida ao pagamento de uma multa posteriormente.
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