Representante dos EUA na OSCE diz desconhecer "intenções" da Rússia

O representante permanente dos Estados Unidos na Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), Michael Carpenter, afirmou hoje desconhecer quais as "verdadeiras intenções" da Rússia em relação à Ucrânia, evitando vaticinar se Moscovo está a fazer 'bluff'.

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Lusa
13/01/2022 17:57 ‧ 13/01/2022 por Lusa

Mundo

Ucrânia

 

Num 'briefing' telefónico organizado pelo Departamento de Estado norte-americano, com a participação da agência Lusa, o representante permanente dos Estados Unidos na OSCE remeteu para o Kremlin esclarecimentos sobre os objetivos da concentração militar russa em grande escala na fronteira ucraniana.

"O que se pode dizer é que assistimos ao envio de dezenas de milhares de soldados russos para a fronteira com a Ucrânia, com equipamentos militares de última geração. Isso levanta muitas questões sobre quais são, de facto, as intenções russas", afirmou, em resposta a uma questão de uma jornalista ucraniana.

Admitindo que a Europa vive atualmente uma "crise genuína de segurança", Carpenter sublinhou que o assunto tem de ser levado "muito a sério" e que todos têm de se preparar para a possibilidade de uma escalada das tensões.

O Presidente norte-americano, Joe Biden, admite que os Estados Unidos, em conjunto com os parceiros e aliados, estão preparados para impor sanções à Rússia, mas Carpenter afirma que a prioridade é "uma diminuição das tensões" e a diplomacia.

"Queremos uma diplomacia séria e vigorosa para saber se existem áreas em que podemos ter posições comuns para entender melhor as perceções de cada um", argumentou.

No entanto, defendeu, há o perigo de uma desestabilização no conflito entre a Rússia e o Ocidente, sobretudo devido à crise de Moscovo com Kiev, com o "rufar dos tambores de guerra a soar bem alto e a retórica muito intensa".

"Isto deve-se à presença de 100 mil soldados russos junto à fronteira com a Ucrânia. A sua presença e as mensagens que têm sido divulgadas têm levantado a muitas questões sobre quais são as verdadeiras intenções da Rússia", insistiu.

Carpenter sublinhou, contudo, que os Estados Unidos acreditam ser este o "momento ideal" para a diplomacia e para o diálogo, embora Biden e o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, tenham deixado claro que Washington, parceiros e aliados "estão preparados para impor medidas sem precedentes se a Rússia se envolver numa escalada da situação militar na Ucrânia".

O diplomata norte-americano, reconduzido por Biden para as funções na OSCE em novembro de 2021, lembrou que hoje, na primeira reunião dos 57 Estados-membros da organização, a questão entre a Ucrânia e a Rússia foi um dos temas principais dos debates, embora o foco tenha sido o anúncio das prioridades para 2022 do ministro dos Negócios Estrangeiros da Polónia, Zbigniew Rau, que assumiu a presidência rotativa do Conselho Permanente da OSCE a 01 de janeiro.

"Hoje, na OSCE, o novo presidente propôs revitalizar o diálogo na organização sobre a segurança na Europa. Os Estados Unidos apoiam fortemente esse diálogo, bem como a grande maioria dos 57 países sentados à mesa da OSCE", sublinhou.

"Temos de ser claros em relação ao diálogo. Não vamos entretermo-nos com restrições ao direito de alguns Estados pretenderem definir ou escolher as suas próprias alianças, com a vontade de um Estado em prevalecer sobre outro", referiu Carpenter, aludindo à recusa russa de aceitar o alargamento da NATO a países de leste, nomeadamente à Ucrânia.

O diplomata norte-americano defendeu que "há apenas um Estado" no espaço da OSCE que "invadiu dois dos seus vizinhos e colocou as suas tropas em território de um outro Estado contra a sua vontade: a Rússia".

"Já estendemos a mão para oferecer um diálogo sério e genuíno, mas vamos para esse diálogo de olhos bem abertos", alertou, destacando a proposta lançada por Rau para revitalizar o diálogo europeu sobre segurança e assumindo que as negociações são "complexas", pelo que não se esperam acordos no curto prazo.

Questionado sobre quais são os principais desafios da presidência polaca da OSCE, Carpenter frisou serem "muitos", embora o prioritário seja a situação que envolve a Ucrânia e a Rússia, em que a diplomacia que rodeia o conflito vai ser "crucial".

Mas Carpenter também se referiu a "outras prioridades" de Varsóvia, como a "repressão sem precedentes" na Bielorrússia, os conflitos na Transnístria, Geórgia, Ossétia do Sul, Abcásia, Arménia/Azerbaijão (Nagorno-Karabakh) e ainda a questão dos direitos humanos, da liberdade de expressão e de imprensa na esfera de influência da OSCE.

"Tudo isso pode ser discutido no quadro da OSCE e tudo depende da vontade política da Rússia", concluiu o representante permanente dos Estados Unidos na organização de segurança regional que surgiu do diálogo, a partir de 1975, entre os blocos leste e ocidental da Guerra Fria.

Leia Também: MNE considera situação "um pouco melhor" pois finalmente já há conversas

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