ONU. Cabo Verde deve diversificar economia além do turismo

A economista da ONU que segue as economias lusófonas africanas disse hoje à Lusa que a economia de Cabo Verde está a recuperar da pandemia, salientando a necessidade de diversificar as fontes de receitas fiscais.

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Lusa
16/01/2022 08:26 ‧ 16/01/2022 por Lusa

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"Cabo Verde deverá crescer 5% este ano, contando com um levantamento progressivo das restrições às viagens, maior vacinação a nível global, mas também contando com o crescimento de outras exportações, em linha com o crescimento da procura de parceiros europeus e recuperação em setores como agricultura, construção e transportes. No entanto, não será suficiente para chegar ao nível de 2019 devido à enorme recessão de quase 15% em 2020 e crescimento de apenas 3,8% em 2021", disse a economista Helena Afonso, do Departamento das Nações Unidas para Assuntos Económicos e Sociais (UNDESA).

Em entrevista à agência Lusa na sequência da divulgação do relatório sobre a Situação e Perspetivas Económicas Mundiais deste ano, na quinta-feira, Helena Afonso afirmou que "com uma dívida pública acima de 150% do PIB, o crescimento será importante para manter a sustentabilidade da dívida, mas é importante mitigar os efeitos económicos e sociais da pandemia e, a médio prazo, diversificar a economia para lá do turismo e gerar receitas de mais fontes".

Cabo Verde está a assistir ao regresso dos turistas, mas ainda assim "a um nível muito abaixo de antes da pandemia", o que é especialmente preocupante para um país que tinha, em 2019, cerca de 40% do PIB dependente do turismo.

"O setor é um dos pilares da economia, valia 40% em 2019, agora vale 25%, e está numa recuperação lenta e incerta, com progressos na vacinação, com quase metade da população completa, e isso é muito encorajador porque está claramente acima da média em África", diz Helena Afonso, acrescentando, ainda assim, que "a variante Ómicron trouxe um aumento de casos e atrasou a recuperação do turismo e de outros setores, pelo que a recuperação económica é incerta, até porque não se pode excluir a possibilidade de surgirem novas variantes em 2022".

O UNDESA melhorou na quinta-feira a estimativa de crescimento para as economias africanas, antevendo uma expansão de 3,8% no ano passado e uma aceleração para 4% este ano.

"A atividade económica em África continua a recuperar dos eventos sem precedentes de 2020, mas a um ritmo frágil, com a previsão de crescimento a ser marcada pela elevada incerteza e exposição a repetidas vagas de infeção por covid-19, como se viu recentemente com a variante Ómicron", escrevem os analistas do UNDESA.

No relatório sobre a Situação e Perspetivas Económicas Mundiais para 2022, que melhora a previsão de crescimento do ano passado de 3,4% para 3,8%, o UNDESA aponta que as medidas de mitigação da pandemia, como os confinamentos e proibições de viagens, foram os principais instrumentos usados pelos governos, mas tiveram um impacto importante na atividade económica.

O continente africano "teve uma das recuperações mais lentas em 2021, ficando atrás da média de crescimento das economias em desenvolvimento e do mundo, respetivamente 6,4% e 5,5%", diz o UNDESA, que alerta que "para regressar à trajetória de crescimento antes da pandemia, África precisaria de crescer aproximadamente 6% neste e no próximo ano, ou seja, mais rápido que a Ásia".

No documento, a UNDESA alerta ainda que o regresso dos turistas ao nível registado antes da pandemia de covid-19 só deverá acontecer "muito possivelmente" em 2024.

"As economias dependentes do turismo em África têm perspetivas positivas de evolução, embora a base seja bastante baixa, impulsionadas pelo abrandamento das restrições às viagens e à recuperação económica nos mercados de origem, na Europa e na Ásia, bem como devido à maior confiança para viajar associada com o sucesso das medidas de contenção e taxas de vacinação relativamente altas, como existe em Cabo Verde, Ilhas Comores, Maurícias, Marrocos, São Tomé e Príncipe e Tunísia", diz a ONU.

Na parte do relatório que diz respeito a África, o UNDESA alerta ainda que, "no entanto, as chegadas de turistas não deverão regressar aos níveis de 2019 antes de 2023 e, muito possivelmente, 2024".

Leia Também: Prioridade é a pandemia mas Moçambique precisa de "reformas"

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