Moscovo critica comentários de Biden sobre crise ucraniana

A Presidência russa (Kremlin) acusou hoje o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de comentários " desestabilizadores" ao ter "prometido" a Moscovo um "desastre" em caso de um ataque militar na Ucrânia.  

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Lusa
20/01/2022 11:58 ‧ 20/01/2022 por Lusa

Mundo

Tensão

"As declarações repetem-se sem cessar e não contribuem em nada para o apaziguamento das tensões atuais. (As declarações) contribuem mais para desestabilizar a situação", disse hoje aos jornalistas o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, numa reação às declarações feitas, na quarta-feira, por Biden numa conferência de imprensa em que assinalou o primeiro ano do seu mandato, que se cumpre hoje.

As declarações de Joe Biden "podem vir a suscitar esperanças totalmente falsas nas 'cabeças quentes' de alguns representantes ucranianos (...) e que podem vir a tentar tratar do problema no sudeste da Ucrânia através da força", disse ainda Peskov.

O Presidente norte-americano prometeu um "desastre para a Rússia" em caso de ataque contra a Ucrânia.

"Se eles invadirem vão pagar por isso", disse Biden, referindo-se a sanções bancárias sem precedentes e à impossibilidade de serem efetuadas pelos russos transações em dólares norte-americanos.

Biden falou também dos riscos "pesados" no que diz respeito a "perdas humanas" no campo de batalha.

A Rússia destacou nos últimos meses dezenas de milhares de soldados para as zonas de fronteira com a Ucrânia, manobras que aumentaram os receios sobre uma potencial invasão.

Moscovo desmente as intenções bélicas, mas o Kremlin pede garantias escritas de que o governo de Kiev não vai aderir à Aliança Atlântica. 

Por outro lado, a diplomacia russa pediu hoje o fim da campanha anti-Moscovo sobre especulações acerca de um ataque contra a Ucrânia, acusando o "Ocidente" de estar a tentar esconder as próprias provocações, incluindo, iniciativas militares.

"O objetivo desta campanha é criar uma 'cortina' informativa para preparar provocações de envergadura, incluindo de caráter militar e que podem ter consequências trágicas para a segurança regional e global", disse Maria Zajarova, porta-voz da diplomacia russa hoje numa conferência de imprensa em Moscovo.

De acordo com Zajarova, os temores de Moscovo "são confirmados" pelas últimas notícias sobre o envio de armamento dos países ocidentais para a Ucrânia.

"Há vários dias que o Reino Unido envia armamento para a Ucrânia e aviões de transporte militar. Realizaram-se pelo menos seis voos e cada avião pode transportar até 77,5 toneladas de carga. Ou seja, 460 toneladas de armamento", disse Zajarova.

De acordo com a porta-voz, nos últimos meses, os Estados Unidos enviaram para a Ucrânia 30 sistemas antitanque Javelin e 180 mísseis (para o mesmo sistema), tendo acrescentado que "segundo a imprensa" Washington pretende proporcionar a Kiev 30 milhões de dólares em armamento.

O Canadá disse hoje que está a analisar as questões relacionadas com o envio de armas defensivas para o Governo ucraniano e o portal de notícias norte-americano Politico informa que o Departamento de Estado dos Estados Unidos autorizou aos aliados bálticos a transferir "armas letais de fabrico norte-americano" para a Ucrânia. 

"Em Kiev vê-se esta ajuda como uma 'carta branca' para que seja levada a cabo uma operação militar em Donbass (zona leste da Ucrânia)", sublinhou Zajarova, acrescentando que as forças armadas ucranianas "não param os ataques contra a população civil (russófona) do leste do país".

"Instamos os países ocidentais a parar com a campanha de informação agressiva contra a Rússia e a pararem com a militarização da Ucrânia. Em vez disso, deveriam fazer esforços diretos para encorajarem Kiev a cumprir os Acordos de Minsk (para a paz em Donbass) e outras obrigações internacionais", disse. 

Após uma série de contactos que ocorreram na Europa, na semana passada, Moscovo e Washington vão manter novos contactos diplomáticos na sexta-feira em Genebra (Suíça) sobre as ameaças de um novo conflito na Ucrânia.

O encontro vai reunir o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e o seu homólogo russo, Serguei Lavrov.

Leia Também: Rússia e países ocidentais continuam em posições "totalmente divergentes"

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