Nusrat Ghani, de 49 anos, revelou ao Sunday Times que um funcionário do Partido Conservador lhe explicou em fevereiro de 2020 que "as suas origens e fé" tinham sido decisivas para a sua saída do Governo.
"Disseram-me que na reunião de remodelação em Downing Street (sede do Governo), a minha fé muçulmana foi levantada como 'um problema', que uma mulher muçulmana no Governo estava a deixar os meus colegas desconfortáveis e havia o receio de não ser leal ao partido porque não estaria a fazer o suficiente para o defender das alegações de islamofobia", disse a antiga ministra.
"Senti-me humilhada e impotente", confessou, explicando que não falou antes publicamente sobre o assunto porque foi avisada de que seria "ostracizada pelos seus colegas" e que a sua "carreira e reputação seriam destruídas".
Mark Spencer, um executivo do partido, identificou-se como a pessoa visada por estas observações, negando-as. "Estas acusações são totalmente falsas e considero-as difamatórias", disse no Twitter.
O ministro da Justiça, Dominic Raab, classificou as acusações como "muito graves", adiantando que não haverá investigação se Ghani não apresentar formalmente uma queixa interna.
Os conservadores já outras vezes foram acusados de permitir que a islamofobia floresça nas suas fileiras. Em maio de 2021, um relatório concluiu que o partido enfrentava um problema de islamofobia a nível local ou individual, mas não "institucional".
As acusações surgem numa altura já difícil para o primeiro-ministro Boris Johnson, pressionado a demitir-se pela oposição e por vários deputados do seu próprio partido devido às alegadas "festas" no Governo britânico que violaram as restrições decretadas por causa da pandemia covid-19, escândalo conhecido por 'Partygate'.
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