Membros do governo tentaram tranquilizar a população, mas a inquietação aumentou com o soar dos tiros durante horas na base do exército e o apoio de manifestantes antigovernamentais aos amotinados, que incendiaram um prédio pertencente ao partido de Kabore.
As forças de segurança intervieram com gás lacrimogéneo para dispersar manifestantes que pedem a renúncia do presidente Kabore, descontentes com a maneira como o governo está a lidar com a insurgência islâmica e os ataques jihadistas.
O ministro da Defesa do Burkina Faso, Aime Barthelemy Simpore, disse à emissora estatal RTB que alguns quartéis foram afetados por distúrbios, não apenas na capital, Ouagadougou, mas também em outras cidades.
Negou, no entanto, que o presidente tenha sido detido pelos amotinados, embora o paradeiro de Kabore permaneça desconhecido.
O bloco regional da África Ocidental conhecido como CEDEAO, que já suspendeu o Mali e Guiné nos últimos 18 meses por causa de golpes militares, emitiu uma declaração de apoio ao presidente do Burkina Faso, e pediu diálogo com os amotinados.
Um dos soldados amotinados disse à Associated Press que há reivindicações de melhores condições para o exército, tratamento para os feridos e apoio para os familiares dos milhares de mortos nos conflitos para conter os ataques jihadistas, que também já provocaram o deslocamento de 1,5 milhões de pessoas.
O descontentamento dos soldados e da população tem-se virado contra o presidente, que consideram não estar a conseguir conter o avanço dos jihadistas e a proteger devidamente as comunidades do Burkina Faso.
Um recolher obrigatório noturno foi hoje decretado no Burkina Faso, após uma revolta militar em vários quartéis para exigir a saída das chefias do Exército e uma resposta aos ataques jihadistas.
A medida, que entra em vigor entre as 20:00 locais de hoje (mesma hora em Lisboa) e as 05:30 de segunda-feira, foi anunciada na televisão nacional, segundo um jornalista da AFP.
Um decreto do presidente Roch Marc Christian Kaboré indicou depois que o recolher obrigatório será mantido "até nova ordem" e abrange "todo o território nacional".
O Ministério da Educação do Burkina Faso anunciou também, em comunicado, que as escolas vão permanecer fechadas em todo o país nos próximos dois dias.
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