Coligação no poder no Senegal sofre derrota em várias cidades

A coligação governamental senegalesa sofreu uma derrota esmagadora em Dacar e outras grandes cidades nas eleições locais de domingo, um teste para as próximas eleições nacionais, segundo resultados provisórios divulgados hoje pelos meios de comunicação social.

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Lusa
24/01/2022 14:57 ‧ 24/01/2022 por Lusa

Mundo

Senegal

A coligação de oposição, Yewwi Askan Wi ("Libertemos o povo" em Wolof), reivindicou a vitória na capital e nas principais cidades de Thies (oeste) e Ziguinchor (sul), capital de Casamansa, na fronteira com a Guiné-Bissau

Em Dacar e Ziguinchor, dois ferozes opositores do governo, Barthélémy Dias e Ousmane Sonko, um candidato assumido às eleições presidenciais de 2024, são anunciados como vencedores.

Muitos dos ministros do Presidente Macky Sall foram derrotados na capital, a começar pelo ministro da Saúde, Abdoulaye Diouf Sarr.

Alioune Tine, diretor do 'think tank' Afrikajom Center, disse à agência de notícias francesa AFP que os resultados destas eleições - que combinaram eleições para presidentes de câmara e presidentes de conselhos departamentais - foram um "desastre brutal, mas previsível" para o governo, considerando-os uma consequência das ondas de choque dos tumultos que abalaram o Executivo em março de 2021 e que revigoraram a oposição.

Esta foi a primeira vez que os senegaleses foram chamados às urnas desde estes acontecimentos e desde as eleições presidenciais de 2019 que reconduziram Macky Sall à Presidência do país, considerado uma ilha de estabilidade na África Ocidental e tratado como tal, com respeito pelos seus parceiros internacionais.

"Neste preciso momento, ganhámos as cidades de Dacar, Ziguinchor, Thies e Guédiawaye", disse Dethie Fall, o representante nacional da coligação de oposição Yewwi Askan Wi, à AFP.

A maioria presidencial também perdeu terreni em Kaolack, a maior cidade do centro, de acordo com os resultados provisórios.

A coligação no poder, Bennoo Bokk Yaakaar, admitiu que não tinha conseguido levar o troféu que teria sido Dacar.

Soham El Wardini, o primeiro presidente da câmara da capital, em oposição ao presidente, também perdeu para Barthélémy Dias, até então presidente da câmara de Mermoz-Sacré-Coeur, uma comuna da capital.

"Em geral, as tendências nacionais dão à nossa coligação uma grande vitória em várias capitais regionais e departamentais (...). No entanto, o nosso desejo de conquistar Dacar e Ziguinchor, em particular, não foi conclusivo", disse Bennoo Bokk Yaakaar numa declaração.

"Era previsível, após os protestos de março (2021), que houvesse uma nova vaga de fundo nas urnas. Os jovens que contestaram (em 2021) foram às urnas", disse Tine, num país onde mais de metade da população tem menos de 20 anos.

Esta votação foi apresentada como um barómetro, cinco meses antes das eleições legislativas e dois anos antes do fim do segundo mandato de Sall. Os comentários atribuídos ao diretor político do pessoal do Presidente, em outubro, reforçaram este ponto de vista.

Os resultados seriam "decisivos" e resolveriam o debate sobre a recandidatura de Macky Sall às eleições presidenciais de 2024, disse Mahmoud Saleh, citado pela imprensa.

O Presidente, porém, contestou este ponto de vista. "Como se quer, numa democracia, que um presidente da República, eleito por sufrágio universal, possa depender dos resultados das comunidades, dos municípios", questionou em dezembro, em declarações à Rádio France Internacional (RFI).

Macky Sall, eleito em 2012, reeleito em 2019, líder ouvido pela comunidade internacional sobre a crise no Sahel ou sobre a dívida, mantém a indefinição das suas intenções em 2024.

A recusa de um terceiro mandato foi um dos slogans do protesto de 2021.

O chefe de Estado foi eleito com base nas promessas de colocar o país pobre no caminho do crescimento. Os seus críticos acusam-no de servir os ricos e estrangeiros, incluindo o seu parceiro francês, de praticar um exercício solitário e autoritário do poder e de manipular o sistema de justiça.

Agora, vai nomear um primeiro-ministro, cargo que, surpreendentemente, aboliu após a sua reeleição em 2019 e que acaba de anunciar que irá reintegrar, enfrenta uma oposição reanimada, da qual faz parte os recém-anunciados presidentes de câmara de Dakar e Ziguinchor.

Leia Também: Mundial'2022: Egito defronta Senegal e Camarões-Argélia no 'play-off'

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