O estado norte-americano da Flórida está prestes a banir qualquer tipo de discussão sobre assuntos LGBTI+ nas escolas, depois de os republicanos, que dominam o senado estatal, terem proposto a lei na passada quinta-feira.
A proposta já foi aprovada no comité para a educação do senado estatal. Segundo o jornal online norte-americano The Hill, a medida irá banir discussões sobre sexualidade e identidade de género, assim como impedir que os professores falem sobre cultura, história e mesmo sobre estudantes da comunidade LGBTI+.
A medida, com o nome 'Lei para os Direitos dos Pais em Educação', ficou catalogada com o nome 'Lei Não Digas Gay' (traduzida livremente do inglês 'Don't Say Gay bill').
A proposta foi feita pelo republicano Joe Harding, que argumenta que irá "defender a maior responsabilidade que uma pessoa pode ter: ser pai". Segundo a proposta de Harding, a lei diz que estes assuntos não são "apropriados ao desenvolvimento dos estudantes".
A oposição, estatal e nacional, acusa a medida de ser homofóbica e transfóbica, ao impedir que alunos não se possam expressar segundo a sua identidade de género ou de tirar dúvidas com os professores.
Aliás, se os professores falarem de assuntos específicos da comunidade LGBTI+, sejam eles quais forem, os pais dos alunos podem processar os docentes por atacarem o "direito fundamental de tomar decisões sobre o controlo dos seus filhos".
Na discussão da medida, Jon Harris Maurer, da Equality Florida, uma associação que luta pelos direitos da comunidade LGBTI+ no estado, argumentou que "as conversas sobre nós não é algo perigoso que deva ser banido".
Today, lawmakers moved forward a bill to ban discussion of LGBTI people in schools. Our own Jon Harris Maurer had a powerful reply:
— Equality Florida (@equalityfl) January 20, 2022
"We're parents, students, & teachers. We are your brothers & sisters. Conversations about us aren't something dangerous that should be banned." ️ pic.twitter.com/4vxM5dAxgV
O Trevor Project, uma das maiores associações para a proteção dos direitos da comunidade LGBTI+ do mundo, que atua especialmente na prevenção do suicídio e da saúde mental nesta comunidade, atacou a medida. "Os estudantes LGBTI merecem que a sua história e as suas experiências sejam refletidas na sua educação, tal como nos seus pares", disse Sam Ames, encarregue da matéria legislativa da associação.
Segundo os dados da instituição, cerca de 42% dos jovens LGBTI+ nos EUA "consideraram seriamente suicidar-se, incluindo mais de metade dos jovens transsexuais e não-binários". Outro relatório, citado pelo The Hill, demonstra que, quando assuntos e problemas específicos da comunidade LGBTI+ são abordados em escolas, a probabilidade desses jovens se suicidarem cai 23%.
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