Eslováquia prepara-se para crise migratória caso conflito avance
A União Europeia (UE), e mais concretamente a Eslováquia, poderá enfrentar mais uma crise migratória caso a situação entre a Ucrânia e a Rússia se agrave e se inicie um conflito armado, alertou o ministro da Defesa eslovaco.
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Mundo Ucrânia
"Mesmo um conflito limitado na Ucrânia levará dezenas de milhares de refugiados [a fugirem] para a Eslováquia", afirmou Jaroslav Nad, citado hoje pela rede de imprensa especializada em assuntos europeus Euroactiv.
De acordo com a mesma fonte, o Governo eslovaco já preparou três documentos estratégicos relativos à situação de tensão entre Kiev e Moscovo, um dos quais se refere especificamente a um plano de migração que prevê que todos os ucranianos que fujam para a Eslováquia recebam o estatuto de refugiados.
A República Checa expressou, entretanto, a Bratislava a sua solidariedade face a este potencial problema, garantindo que "se a situação na Ucrânia se agravar e o pior cenário se tornar realidade, Praga oferece-se para enviar agentes da polícia para a fronteira entre a Eslováquia e a Ucrânia".
Já na semana passada, a Letónia tinha oferecido ajuda à Ucrânia, descartando o envio de militares, mas garantindo que o exército letão está em alerta para responder à potencial entrada de imigrantes irregulares a partir da fronteira da Bielorrússia devido à tensão entre Moscovo e Kiev.
A Ucrânia receia que, no caso de um ataque russo, Moscovo utilize o território bielorrusso para invadir o país e o Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, já admitiu que se juntará à Rússia se houver um conflito russo-ucraniano.
As crises migratórias na UE têm-se multiplicado nos últimos anos, com a mais recente a surgir na fronteira entre a Polónia, Lituânia e a Bielorrússia, onde, desde o verão, se concentram centenas de migrantes na esperança de entrar na Europa.
A situação levou a Polónia a decidir construir um muro na fronteira, cuja construção teve início na terça-feira e deverá estar concluído em junho.
O muro visa bloquear a passagem de migrantes, cujas tentativas de entrada desencadearam uma crise entre Varsóvia e Minsk no ano passado, já que a Polónia e a UE acusaram o Presidente bielorrusso de facilitar vistos de turismo a migrantes, na sua maioria oriundos do Médio Oriente, para passarem a fronteira e entrarem num país do espaço comunitário.
A tensão entre a Ucrânia e os russos não é uma novidade, tendo o último grande conflito surgido em 2014, após a anexação da península ucraniana da Crimeia pela Rússia.
Mas a ameaça de um conflito mais sério e muito mais abrangente aumentou nos últimos meses, desde que o Presidente russo, Vladimir Putin, mandou concentrar tropas junto da fronteira com a Ucrânia.
O cenário é visto como uma ameaça de invasão que pode converter-se num problema de estabilidade para toda a Europa e mesmo para o resto do mundo, já que a Ucrânia tem sido, desde o fim da Guerra Fria, uma fronteira entre a influência das democracias liberais da Europa e a Rússia.
A Rússia nega quaisquer planos para uma invasão, mas associa uma diminuição da tensão a tratados que garantam que a NATO não se expandirá para países do antigo bloco soviético.
As tentativas diplomáticas de dissuadir os avanços da Rússia têm-se multiplicado, estando previsto para hoje, em Paris, uma reunião de representantes políticos dos países do Formato Normandia, que junta Alemanha, França, Rússia e Ucrânia.
Na segunda-feira, o Presidente norte-americano, Joe Biden, e vários líderes europeus reuniram-se por videoconferência, garantindo a intenção uma saída diplomática para a tensão acumulada, mas deixaram o aviso de "fortes consequências" para a Rússia caso invada a Ucrânia.
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