Ucrânia. Itália diz que vai respeitar compromissos no âmbito da NATO

A Itália irá respeitar os seus compromissos no âmbito da NATO face à crise ucraniana, garantiu hoje o ministro da Defesa italiano, Lorenzo Guerini, ao pedir um "diálogo construtivo" entre as diferentes partes.

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Lusa
26/01/2022 13:03 ‧ 26/01/2022 por Lusa

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"A Aliança [Atlântica] planeou um reforço das medidas de dissuasão no seu flanco oriental, nas quais a Itália participa", afirmou o ministro, num comunicado divulgado pelo Ministério da Defesa italiano.

"Se novas decisões forem tomadas, ainda no quadro da estratégia de dissuasão da NATO, a Itália dará um novo contributo e cumprirá os seus compromissos, reafirmando o valor da coesão da Aliança, em particular tranquilizando os países-membros do flanco oriental", sublinhou o ministro italiano.

"Favorecemos e encorajamos todos os esforços e os fóruns de diálogo abertos com a Rússia", afirmou Guerini.

"Nenhum de nós quer alimentar tensões, todos queremos, pelo contrário, a manutenção e a implementação de um diálogo construtivo", argumentou.

De acordo com o comunicado de imprensa do ministério, Guerini declarou que "qualquer agressão contra Kiev terá sérias consequências".

As declarações do ministro da Defesa surgem no mesmo dia em que o Governo de Roma expressou desconforto e embaraço perante uma reunião agendada para hoje entre o Presidente russo, Vladimir Putin, e os líderes de grandes empresas italianas, segundo avançaram as agências internacionais.

Em plena crise ucraniana, este encontro, que irá decorrer em formato virtual, está a ser promovido pela câmara de comércio italo-russa e conta entre as empresas convidadas com os grupos energéticos Eni e Enel, o fabricante de pneus Pirelli, assim como os bancos UniCredit e Intesa Sanpaolo e a seguradora Generali.

O Governo de Mario Draghi decidiu tomar uma posição e pediu às empresas nas quais o Estado italiano detém uma participação, Eni e Enel, que não participassem no encontro, de acordo com uma fonte patronal, citada pela agência France-Presse (AFP).

Nos últimos anos, a Itália manteve relações mais tranquilas com a Rússia do que os seus parceiros europeus, particularmente sob a liderança do Governo de coligação entre o partido de extrema-direita Liga, de Matteo Salvini, e o Movimento 5 Estrelas (antissistema), que chegaram ao poder em 2018.

O ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, que esteve presente na vida política italiana nas últimas décadas, nunca hesitou em mostrar abertamente a sua amizade com Vladimir Putin.

Ao chegar ao poder em fevereiro de 2021, o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, mudou este cenário, com o novo chefe de Governo a adotar uma postura pró-Aliança Atlântica.

No final de março, a expulsão pela Itália de dois funcionários russos, acusados de alegados atos de espionagem, provocou tensão entre os dois países.

Os países ocidentais acusam a Rússia de pretender invadir novamente a Ucrânia, depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia, em 2014, e de alegadamente patrocinar, desde então, um conflito em Donbass, no leste da Ucrânia.

A Rússia nega quaisquer planos para uma invasão, mas associa uma diminuição da tensão a tratados que garantam que a NATO não se expandirá para países do antigo bloco soviético.

Leia Também: Kremlin considera "destrutivas" eventuais sanções dos EUA contra Putin

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