O governo francês anunciou esta semana que iria fechar dois sites de notícias, um antifascista e outro islâmico, alegando estar a defender a segurança e os "valores nacionais" do país.
A medida surge depois de, em 2021, o governo ter aprovado uma lei que permite ao Estado monitorizar e fechar sites que atentem contra aquilo que define ser os "valores nacionais", depois da morte do professor Samuel Paty e de outros ataques extremistas islâmicos que ocorreram no país.
Mas, segundo a Reuters, a medida tem sido contestada por grupos de direitos humanos e organizações não-governamentais, que consideram que o governo tem atacado quaisquer sites e meios muçulmanos que não sejam aprovados pelo Estado.
Esta semana, o ministro do Interior, Gerald Darmanin, disse que ia fechar o site "Nantes Révoltée", uma plataforma sediada em Nantes e criada depois do ataque de 2012 que promove notícias mas também promoveu uma manifestação violenta contra a extrema-direita naquela cidade.
Outro site atacado pelo ministério é o "La Voie Droite", que publica conteúdo islâmico.
Nenhum dos sites cessou ainda a sua atividade e afirmam não ter recebido ainda essa ordem por parte do governo.
Segundo a Reuters, entre 2016 e 2019 foram encerrados sete sites. Nos últimos dois anos, foram fechados 12 sites pelo governo - sete deles publicavam conteúdos muçulmanos, incluindo entidades que serviam para gerir mesquitas, uma organização humanitária e ainda grupos que alertavam para a islamofobia.
O advogado do Nantes Revoltée disse à Reuters que o site apenas divulgou informações sobre um evento, e proclamar o fim do Estado e de grupos de extrema-direita não torna o grupo responsável pela violência no protesto.
Sobre o La Voie Droite, Darmanin disse no domingo que o site promovia "conteúdo que incitava ao ódio"; o site, por outro lado, comunicou que "encoraja os muçulmanos a respeitar os textos", mas opõe-se "a qualquer tipo de ameaça ou legitimação de violência".
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