As declarações de Zeng surgem após o apelo da Organização Mundial da Saúde (OMS) para que os países levantem ou aliviem as restrições de viagem.
A OMS assegurou que, dadas as variadas respostas globais ao aparecimento da variante Ómicron da covid-19, as restrições já não são eficazes para suprimir a propagação internacional da pandemia.
A China mantém uma política de "zero casos", que envolve a imposição de restrições nas entradas no país, com quarentenas de até três semanas, e testes em massa e medidas de confinamento seletivas quando um surto é detetado.
O país mantém as fronteiras encerradas desde março de 2020.
Para Zeng, ex-chefe do Centro Chinês de Controlo e Prevenção de Doenças, a perspetiva da OMS "reflete, em certa medida, as opiniões de académicos ocidentais" e "não leva em consideração a eficácia dos programas de prevenção lançados em outros países de acordo com as suas características".
As autoridades chinesas também suspenderam voos oriundos do exterior por semanas quando são detetados casos do novo coronavírus entre os passageiros que viajam para o país. Os preços dos voos custam 10 vezes mais do que custavam antes da pandemia.
O epidemiologista acrescentou que as medidas adotadas na China "revelaram-se eficazes" e que, dadas as circunstâncias, é "inadequado relaxar ou levantar as restrições".
"Isso teria consequências catastróficas", disse o especialista.
Zeng apontou que os países ocidentais que agora estão a levantar as restrições são "obrigados a fazê-lo" devido às suas "dificuldades sociais e económicas internas" e que as suas decisões não se baseiam num "julgamento científico sobre a saúde pública".
"Se a pandemia piorar dentro e fora da China, a China terá que tomar precauções extremas, não relaxar", disse o especialista, que assegurou que a imunidade de grupo "ainda não foi totalmente alcançada".
Mais de 86% da população chinesa já recebeu duas doses das vacinas que o país administra contra a covid-19, segundo dados oficiais divulgados em meados de janeiro pela Comissão Nacional de Saúde do país.
Alguns especialistas apontaram a menor eficácia das vacinas chinesas - as únicas aprovadas no país, que por enquanto não autoriza o uso de nenhuma vacina estrangeira - ou a ausência de imunidade de grupo devido ao baixo número de infeções.
Este cenário poderia levar a um colapso do sistema de saúde se os casos aumentassem.
A China anunciou hoje a deteção de 63 novos casos de infeção por SARS-CoV-2 nas últimas 24 horas, 25 dos quais por contágio local.
O número total de pacientes ativos na China continental é de 2.361, entre os quais sete em estado grave.
Desde o início da pandemia, 105.811 pessoas foram infetadas no país e 4.636 morreram.
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